ALMANAQUE 29 - Pisada de bola, rua chamada pecado, lavoura arcaica, Capovilla e Ruy Castro
*Foto/legenda: Cena do filme "Uma rua chamada pecado"
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BATE-PAPO
*Assistindo ao programa Quarta Viva apresentado pelo multimídia Gabriel Chalita e veiculado pela Rede de Televisão Canção Nova, pude constatar um equivoco que a produção do citado programa cometeu.
*Quarta Viva é um programa de entretenimento que apresenta brincadeiras e jogos de perguntas, respostas, enigmas, distribuição de livros e cds. No programa desta semana (que naturalmente vai ar nas quartas-feiras à noite) foi feita uma pergunta mais ou menos assim – “Que grande compositor da nossa música nasceu na cidade de Miraí (Minas Gerais)?”, claro que foram dadas pistas para que o público pudesse responder ou adivinhar.
*No entanto, umas das dicas da produção afirmava que o compositor em questão ficou conhecido como “O General da Banda” para em seguida dizer que o mesmo havia composto com Mário Lago a clássica Amélia (Amélia que era mulher de verdade...)
*Caros amigos, assim fica difícil. O compositor a quem a pergunta se referia, naturalmente era Ataulfo Alves (1909 – 1968), mas quanto ao item que dizia que ele era conhecido por “General da Banda” é errado, pois quem ficou conhecido como tal foi Otávio Henrique de Oliveira, que adotou o nome artístico de Blecaute (1919 – 1983) que gravou um dos maiores sucessos carnavalescos dos anos 50, intitulado General da Banda (Chegou o general da banda...) Então, a produção do programa pisou na bola e errou feio.
*Na coluna Almanaque de hoje...
*CLÁSSICO DA SEMANA – UMA RUA CHAMADA PECADO
*Dirigido por Elia Kazan em 1951, Uma rua chamada pecado, adaptação da peça do dramaturgo Tennesse Williams, conta a história de um casal, Stanley Kowalski e sua mulher Stella, a chegada de sua irmã, a perturbada Blanche Dubois, que acaba se apaixonando pelo cunhado, causando forte tensão sexual entre o trio. Sexo reprimido, traição, violência doméstica, sensualidade à flor da pele, interpretações arrasadoras e direção de Kazan fazem deste filme um dos maiores clássicos do cinema.
*Atuação brilhante de Vivian Leigh, que ganhou seu segundo Oscar de Melhor Atriz (o primeiro foi por E o vento levou – 1939). Interpretações intensas de Brando como Kowalski e Kim Hunter como Stella. Ainda no elenco Karl Malden.
*Uma rua chamada pecado acaba de ser relançado em dvd em edição especial com o acréscimo de três minutos que a censura havia cortado na época do lançamento nos cinemas.
*CINEMA BRASILIS – LAVOURA ARCAICA
*Realizado há cinco anos, Lavoura Arcaica, baseado no livro homônimo de Raduan Nasser, e dirigido por Luiz Fernando Carvalho, finalmente é lançado em dvd numa edição especial com dois discos e recheada de extras.
*O longa-metragem, com três horas de duração, é narrado em flashback através do ponto de vista do personagem André, vivido pelo ator Selton Mello. Na verdade a história é uma versão ao avesso da parábola do Filho Pródigo. André é o filho que vai embora enquanto Pedro, seu irmão mais velho recebe da mãe a missão de trazê-lo de volta a casa onde todos o aguardam com uma grande festa.
*É através das lembranças de André, que o espectador fica sabendo os motivos que o levaram a fugir, no entanto “o filho pródigo” acaba cedendo aos apelos de sua mãe.
*Lavoura Arcaica, tem direção, produção e roteiro de Luiz Fernando Carvalho, fotografia de Walter Carvalho e um elenco que reúne talentos como Raul Cortez e o citado Selton Mello, Caio Blat, Simone Spaladore, Denise Del Vecchio entre outros, neste drama lírico e trágico da eterna luta entre a tradição e a liberdade. Considerado um dos melhores filmes nacionais dos últimos dez anos. Agora você tem a chance de conferir.
*SALA DE LEITURA - MAURICE CAPOVILLA - A IMAGEM CRÍTICA DE CARLOS ALBERTO MATTOS
*Este livro, mais um exemplar da Coleção Aplauso, conta uma das mais peculiares carreiras do audiovisual brasileiro. Guiado pelo crítico Carlos Alberto Mattos, Maurice Capovilla rememora, passo a passo, da infância até a maturidade, o contínuo exercício nos vários ramos da criação: o cinema, a televisão e as escolas voltadas para essas atividades.
*Num trajeto de mais de 40 anos, ele realizou documentários: o curta-metragem Subterrâneos do futebol, (1965), incluído no longa-metragem Brasil Verdade, de 1968, programas musicais, telenovelas, telefilmes (área em que foi pioneiro no Brasil), minisséries, institucionais, etc.
*E, naturalmente, fez filmes de ficção, como Bebel, garota propaganda, baseado no livro de Ignácio de Loyola Brandão; o polêmico O Profeta da fome, com José Mojica Marins no papel central; dirigiu episódio de Vozes do Medo, aceitou o trabalho de encomenda para Noites de Iemanjá, com Joana Fomm, e fez sucesso com Guarnieri e Lima Duarte em O Jogo da Vida, baseado na obra de João Antônio.
*A Coleção Aplauso continua a resgatar a obra, a história dos nossos cineastas, roteiristas, atores, atrizes e diretores, assim como trazendo para o leitor a oportunidade de conhecer a forma de um roteiro ou escritos de críticos e comentaristas de cinema. Segundo Rubens Ewald Filho, um dos responsáveis pela coleção, a meta é alcançar a marca dos cem títulos publicados e sempre com preço acessível (cada volume custa apenas R$ 9,00).
*SALA DE LEITURA II - UM FILME É PARA SEMPRE
*O jornalista e escritor Ruy Castro, muito acostumado a escrever sobre a história de outros, agora o feitiço virou contra o feiticeiro. Um filme é para sempre é mais um volume da coleção que reúne o melhor da crítica brasileira de cinema e que já homenageou os mestres José Lino Grünewald (Um filme é um filme, 2001) e Antonio Moniz Vianna (Um filme por dia, 2004), lançados também pela Companhia das Letras.
*Organizado por Heloisa Seixas (mulher de Ruy Castro), o livro traz textos agrupados em catorze capítulos com temas como musicais, seriados, filmes de assuntos sérios (como espionagem ou alcoolismo) e sobre a vida conturbada de atores, atrizes e diretores, entre muitos outros.
*Ruy Castro nasceu em 1948. Começou como repórter em 1967, no Correio da Manhã, do Rio, e passou por todos os grandes veículos da imprensa carioca e paulistana. A partir de 1990, concentrou-se nos livros. Publicou, entre muitos outros, as biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e obras de reconstituição histórica, sobre a Bossa Nova, Ipanema e o Flamengo. É cidadão benemérito do Rio de Janeiro.
*Bem amigos da coluna Almanaque,vamos ficando por aqui, mas semana que vem retornamos com novidades para vocês. Um abraço cordial e até lá.
*Humberto Oliveira é bacharel em jornalismo e lembra com saudade do primeiro show que assistiu de Ataulfo Alves em Fortaleza, quando o grande compositor e cantor ainda era um adolescente.