Duas unidades disfarçadas do novo Kia Picanto foram flagradas em estradas paulistas, num indício de que o HB10 pode virar realidade
Foto: Divulgação
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O que fariam duas unidades de um carro lançado recentemente na Coreia do Sul rodando por estradas brasileiras, bastante disfarçadas? As placas de Piracicaba (SP) logo deram a dica de que se tratavam de modelos da marca coreana Hyundai. E o porte inferior ao do hatch HB20 deixou a coluna AutoBuzz com a “pulga atrás da orelha”. Num primeiro momento parecia o novo Hyundai Grand i10 indiano, como publicamos na primeira versão desta coluna (e agora atualizamos graças à ajuda de um leitor disigner). O que está por baixo dos panos é o novíssimo Kia Picanto, lançado em fevereiro na Ásia, e que está agora mesmo brilhando no Salão de Genebra.
Por que a Hyundai estaria testando um Kia? Ela é proprietária da Kia, e o Picanto compartilhará essa nova plataforma com modelos da sua dona, Hyundai. Mas vamos focar no que interessa ao consumidor brasileiro: existe alguma chance de este segredo Hyundai ser produzido em Piracicaba (não como um Kia, claro)? Sim, existe, e muita, mas não a curto prazo. A fábrica é uma das únicas de carros no país a operar em três turnos, ao lado da Ford Camaçari. De lá saem o HB20 hatch e sedã, além do recém-lançado Creta, um SUV compacto. Todos sucessos de venda. Hoje a unidade está próxima do limite de 180 mil unidades/ano. Os utilitários maiores, como o ix35 e o New Tucson, são produzidos na Hyundai CAOA, em Anápolis (GO), planta que não pertence aos coreanos.
Portanto, só um investimento industrial em Piracicaba permitirá a produção de novos modelos, como a picape derivada do Creta (mostrada como conceito no último Salão do Automóvel) e o tão sonhado hatch de entrada, com versões básicas abaixo de R$ 40 mil. Espaço para ampliação existe de sobra no terreno que a Hyundai possui na cidade paulista. Dinheiro também não é problema para os coreanos, que crescem globalmente há anos. A questão que se coloca é apenas cautela. Os fracos resultados do mercado brasileiro como um todo inspiram cuidados. Até por isso o projeto da picape Creta STC (do porte da Fiat Toro) está momentaneamente congelado, segundo fontes ligadas à marca.
Mas os primeiros sinais de reação do mercado brasileiro deverão ser acompanhados por um aporte de capital na fábrica, abrindo espaço tanto para a picape (que mira em promissoras margens de lucro) como para o compacto (este mira mais em volume de vendas). A Hyundai vem escalando o ranking de emplacamentos, a ponto de no ano passado ter fechado em quarto lugar, à frente de marcas tradicionais como Toyota, Ford, Renault e Honda. Só com um modelo menor e mais acessível ela poderá encostar nas três líderes, GM, Fiat e Volkswagen. Metas ousadas como essa são a marca registrada da gigante sul-coreana, que também controla a Kia Motors.
Quer saber mais sobre o Kia Picanto?
Por que a Hyundai estaria testando aqui a terceira geração do Kia Picanto, afinal? Seu porte é intermediário entre o subcompacto Hyundai Eon (produzido na Índia) e o coreano i20 (ou seu primo brasileiro HB20). Logo, não é um subcompacto do porte do Fiat Mobi ou do VW Up, por exemplo. Está mais para o Fiat Uno. Com 3,60 metros de comprimento, 1,60 m de largura, 1,49 m de altura e 2,42 m de entre-eixos, ele é 32 cm mais curto que o HB20, com apenas 8 cm a menos de entre-eixos. O porta-malas de 255 litros é um pouco menor que o do HB hatch, que leva 300 l.
Na Ásia, ele chegou com motor 1.0 turbo três cilindros de 101 cv, nova geração do atualmente usado no HB20. Tem também os aspirados 1.0 e 1.2, e em breve contará com um inédito 1.0 diesel turbo. Não se descarta aqui que os testes podem ser apenas para um novo motor para a linha HB, já que as versões 1.0 turbo não empolgaram muitos consumidores.
Embora não seja muito menor, ele não usa a mesma plataforma do HB. O Creta também não usa e está dividindo a mesma linha de montagem com o HB20 e o HB20S (versão sedã). Caso se confirme o investimento no Brasil, é natural que o carro receba alguns upgrades e adaptações para nosso mercado. Aqui, é bem possível que ele receba o nome de HB10, para manter a coerência com o restante da linha.
Importante saber o que diz a empresa sobre essa dupla flagrada pelo atento Oswaldo Luiz Palermo (um dos maiores fotógrafos automotivos do país, revelando segredos desde os anos 70). Um porta-voz da Hyundai Brasil afirma que são apenas testes de rodagem para adaptações a outros mercados. Esse argumento é muito comum para montadoras instaladas há mais tempo no Brasil, que têm centros de engenharia à disposição das matrizes. No caso da novata Hyundai, não há ainda um grande centro de engenharia por aqui. Já um porta-voz da Kia diz que os carros de teste da marca usam placas de Itu, sede da importadora Gandini.
E qual razão de rodar no Brasil, que tem combustíveis tão diferentes em relação aos outros países do continente? Fica a questão no ar e a impressão de que os testes têm, sim, como alvo o mercado nacional. O HB20 é o segundo carro mais vendido do país, e faria uma dobradinha matadora com um provável HB10.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!