Uma fala feita em tom provocativo por Renan Santos, fundador do Movimento Brasil Livre (MBL) e pré-candidato à Presidência da República, reacendeu um debate sensível no Acre e gerou indignação entre lideranças políticas do estado. Em participações recentes em podcasts, o dirigente do MBL defendeu a possibilidade de o Acre deixar de ser estado e voltar à condição de território federal.
Ao comentar o modelo de representação política brasileira, Renan usou comparações com grandes centros urbanos para sustentar seu argumento. “O Acre inteiro é um bairro de São Paulo”, afirmou, ao questionar o fato de o estado possuir três senadores e oito deputados federais.
O pré-candidato também direcionou ataques diretos aos parlamentares eleitos pelo Acre. “Os parlamentares do Acre são uma bosta, vocês são amadores”, declarou, acrescentando que, em sua avaliação, o estado possui “uma péssima representação política” e que a maioria dos eleitos estaria ligada ao Centrão.
Na mesma linha, Renan afirmou que o peso eleitoral do estado seria desproporcional em relação a outras regiões do país. “O voto de uma pessoa no Acre vale mais do que o de uma pessoa em São Paulo”, disse, classificando o cenário como uma distorção do sistema político. Ele também declarou que o Acre é “completamente dependente do Estado brasileiro”.
As declarações vieram após uma troca pública de críticas com o senador Sérgio Petecão (PSD). Após ser alvo de comentários do parlamentar, Renan reagiu com novos ataques, chamando Petecão de “lixo do centrão” e reforçando sua posição sobre a necessidade de rever a representação política do estado.
Renan Santos afirmou ainda que a proposta não se restringiria ao Acre. Segundo ele, outros estados também poderiam ser afetados por uma eventual revisão do pacto federativo. “Se precisar, vou transformar o Acre em território, sim”, declarou.
As falas ignoram que o Acre conquistou o status de estado em 1962, após décadas de mobilização política e social, e que a Constituição garante três senadores para cada unidade da federação, enquanto o número de deputados federais é definido de forma proporcional à população.