Pesquisadores da Embrapa recomendam medidas de adaptação dos castanhais para evitar escassez de produção
Foto: Vítor Alberto de Matos Pereira/Embrapa
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Pesquisadores da Embrapa orientam sobre a necessidade de aplicar medidas de adaptação para a castanha-da-amazônia para manter a produtividade das árvores mais velhas. As mudanças climáticas vêm afetando o rendimento e a qualidade dos frutos, e, consequentemente, reduzindo a oferta de castanha para o consumo. Os maiores prejudicados são os extrativistas que dependem da produção anual para ter renda para o sustento familiar.
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Com o inverno mais curto e o verão cada vez mais quente, a produção das castanheiras antigas estão afetadas com menos produção de frutos. Outro problema enfrentado pelos produtores de castanha é o efeito de baixa nebulosidade, de radiação solar intensa e de queimadas prolongadas comprometeram a interferência e a formação dos frutos da castanheira, resultando na quebra da safra atual.
"O ciclo reprodutivo da castanheira-da-amazônia é longo e sensível às variações climáticas. A interferência ocorre anualmente, durando de quatro a seis meses, geralmente no fim da estação seca e início da chuvosa. Já a maturação dos frutos leva de nove a treze meses", afirma Carolina Volkmer de Castilho, pesquisadora da Embrapa Roraima.
A escassez de castanhas pode impactar a renda de comunidades extrativistas, que depende disso. Elziane Ribeiro de Souza, produtora da Reserva Extrativista (Resex) Cajari, no Amapá, destaca que a seca afetou significativamente a produção de castanha em sua região. "Perdemos quase 100% da produção. Um dos castanhais que costumavam produzir 180 barricas, este ano não chegou a 10".
Ítalo Tonetto, Diretor da Castanhas Ouro Verde, em Jaru (RO), destaca a necessidade de previsibilidade e comunicação transparente com os clientes. “Avisamos desde o início sobre os riscos, mas é um tema delicado, pois nem todos acreditam na gravidade da situação”, diz. Tonetto reforça que, apesar da quebra na safra atual, espera-se a normalização na próxima safra.
Apesar do declínio atual, pesquisadores da Embrapa preveem uma possível superprodução na safra 2025/2026, um fenômeno já observado após a crise de 2017. “Esse aumento na produção ocorre porque as castanheiras tendem a compensar os períodos de baixa produtividade com maior frutificação nos anos seguintes, aliado aos efeitos climáticos do fenômeno La Niña”, esclarece Patrícia da Costa, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente.
Rede da castanha
Para estudar a qualidade e rentabilidade da castanha, a Embrapa coordena a Rede Kamukaia que há 20 anos reúne pesquisadores de todas as unidades de pesquisa da empresa da Amazônia. A atuação em parceria com comunidades agroextrativistas da região, ONGs e universidades, conduz estudos para compreender os aspectos ecológicos e socioeconômicos das principais espécies vegetais utilizadas como produtos florestais não madeireiros. Outra ação da rede é o desenvolvimento de tecnologias sociais externas para as comunidades e a formulação de políticas públicas.
Efeito do clima
De acordo com resultados de pesquisas, a safra de castanha-da-amazônia vem sofrendo grande queda em decorrência da grande seca causada pelo efeito El Niño. A formação dos frutos é prejudicada pela longa seca e pelo calor acima da média. Como medidas para manter a produtividade é recomendado o manejo adequado e a renovação dos castanhais. Para os pesquisadores, as árvores mais antigas são resistentes às mudanças e já as plantas novas já crescem adaptadas ao novo fator climático.
O que fazer?
Além de fazer novos plantios de castanheiras, os especialistas recomendam medidas de regulação e suporte ao setor extrativista para equilibrar as perdas financeiros no longo prazo, uma vez que as novas castanheiras começam a produzir após oito anos de vida. A criação de um seguro-extrativista pode mitigar os impactos econômicos e proteger a renda dos produtores e extrativistas. O manejo adequado das árvores antigas também favorece a melhora na produção.
O corte de cipós, por exemplo, pode aumentar em até 30% a produção de castanheiras que estejam infestadas. Além disso, essa prática melhora as condições fisiológicas das árvores, contribuindo para garantir sua resiliência diante de eventos climáticos extremos. “Os extrativistas mais experientes já adotaram essa técnica, e conseguiram comprovar a partir de um estudo realizado ao longo de dez anos os seus benefícios tanto para a estrutura das árvores quanto para o aumento da produção”, afirma Lúcia Wadt, pesquisadora da Embrapa Rondônia.
* Com informações da Embrapa.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!