Crueldade no Rio: mulher diz que criança negra ‘estraga’ o bairro do Leblon
Foto: Divulgação
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Declarações racistas contra uma criança negra que vendia balas em uma sorveteria no bairro do Leblon, Rio de Janeiro, revoltaram o advogado e professor da PUC-Rio, Breno Melaragno Costa, que utilizou as redes sociais para denunciar o caso.
De acordo com o relato do advogado, uma criança negra chegou tentando vender balas, mas não conseguiu. Em seguida, a criança pediu a Costa que pagasse um sorvete, pedido que foi atendido por ele.
O advogado relata que, logo após ter comprado o sorvete para a criança, uma senhora se aproximou e perguntou ao advogado se ele é morador do Leblon. “Respondi que sim e fiquei tentando reconhecer quem seria aquela senhora, uma ex-vizinha, uma ex-professora, etc. Poderia esperar qualquer coisa, menos a frase que veio logo a seguir”, conta o advogado.
“Porque com o senhor fazendo isso, aí é que esta gente não vai embora daqui mesmo”, disse a mulher.
O denunciante relata o choque que levou por causa dessa afirmação da senhora na sorveteria. “Estupefato, estampei um sorriso no rosto como forma de autocontrole e, educadamente, não resisti: ‘a senhora agora vai me mandar pra Cuba?”, escreveu.
Em resposta ao advogado, a mulher, apontando para a criança, disse: “é este tipo de gente que estraga o nosso bairro”.
Costa conta que não teve coragem de olhar para o rosto da criança. “Sorri novamente e disse ‘quem estraga o nosso bairro é parte dos próprios moradores que infelizmente pensam como a senhora’”.
O professor da PUC-Rio conta que nasceu, cresceu e sempre viveu no Leblon. “Sei muito bem como parte dos moradores pensam, mas jamais havia presenciado cena desta natureza”, relatou.
O advogado continuou: “Independente de concepções, de opiniões políticas ideológicas, partidárias, etc., a crueldade da atitude daquela senhora foi explícita, pública, dita em alto e bom som, sem qualquer pudor, eivada de ódio daquela pobre criança”, relatou, na rede social.
“Vivo criticando a esquerda por uma aparente vulgarização do termo ‘facista’, por inúmeros motivos que aqui não cabem. Mas é fato que nossa elite nestes últimos tempos de excesso de opiniões raivosas e superficiais em detrimento de um mínimo de conhecimento e reflexão, se aproxima cada vez mais de um caminho irracional e suicida”, critica.
“Poucos, muito poucos, lucram com isso e certamente não é o (a) morador (a) do Leblon, que se ilude em viver num principado isolado do resto da cidade e do país”, concluiu Breno Melaragno Costa.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!