SUCESSO - Brasileiro pode ser eleito deputado federal nos EUA em novembro
Foto: Divulgação
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Quando José Felix Peixoto tinha 22 anos, ele trabalhava em Ipatinga na Usiminas, que apoiava, na época, a candidatura de Eliseu Resende, do PDS, para governador de Minas. Mas Peixoto fazia campanha para Tancredo Neves, do PMDB. Era 1982.
Foi a primeira vez que Peixoto se viu numa posição de liderança política contrária à seus superiores.
Vindo de uma família humilde, de Ipanema, Minas Gerais, ele precisava do emprego. Mas preferiu contrariar a direção da empresa à seus princípios.
Ele pediu demissão e se mudou para Brasília para trabalhar no Banco do Brasil, onde havia sido menor aprendiz até os 18 anos.
Hoje, fazendo 52 anos nesta sexta-feira, Peixoto é candidato para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos da América.
Ele concorre para deputado federal pelo Distrito 26 da Flórida — sem filiação partidária e uma pequena verba de US$15 mil.
“Precisamos sair do armário e mostrar para este país que produzimos, que temos uma cultura e que não somos só carnaval e futebol”, diz ele. “Somos pessoas inteligentes, podemos acrescentar a este país, mas precisamos ter gente lá, no congresso”.
Peixoto mora em Key Largo, no condado de Monroe, há uma hora e meia de carro de Miami. A população é de pouco mais de 10 mil habitantes, de acordo com o Censo de 2010. Mas como é uma cidade de veraneio, muita gente que tem propriedade e cédula eleitoral de lá, não reside o ano todo.
Peixoto calcula que mais de metade dos votos seja por correspondência, e esse é um de seus desafios: arrecadar fundos para uma mala direta e convencer os eleitores que ele é o melhor candidato para representar a região.
O segundo desafio é atingir todo seu eleitorado.
O Distrito 26, que foi acrescentado ao mapa eleitoral da Flórida este ano e vai de Key West, ao sul, à Cutler Bay, no condado de Miami-Dade, tem cerca de 600 mil eleitores com capacidade de voto, diz Peixoto, que está fazendo uma campanha simples, à moda antiga, de porta a porta mas tem grande chance de ganhar se seus adversários forem impugnados.
O republicano David Rivera é acusado de fraude e diz que tem informação que pode derrubar o democrata Joe Garcia.
Por sorte ou destino, essa tem sido a história da vida desse mineiro.
Seu pai, aposentado, trabalhava em laticínio, e sua mãe, dona de casa, cuidava dos seis filhos. Aos 18 anos, José, que só completou o segundo grau no Brasil, saiu de casa para trabalhar na Usiminas. Quando pediu demissão, imediatamente conseguiu trabalho no Banco do Brasil, em Brasília. Lá ficou um ano, até que surgiu uma oportunidade e resolveu tentar a vida nos Estados Unidos.
Chegou em Orlando, exatamente 27 anos atrás, no dia de seu aniversário, 28 de setembro, com US$500. Na chegada, já no aeroporto, conheceu um brasileiro de Teresópolis, e seguiu de trem com ele para Nova York. Novamente, sem a menor dificuldade, no dia seguinte foi indicado para outro brasileiro, dono de lojas de engraxate, e conseguiu seu primeiro trabalho no país, engraxando sapatos nas ruas de N.Y.
“Só falava, ‘thank you, I am sorry’”, diz Peixoto, hoje fluente em inglês. “No primeiro dia, já ganhei US$56”.
Continuou trabalhando em Nova York até que um passeio a Niágara Falls do lado do Canadá deu problema com a imigração americana. Peixoto entrou nos Estados Unidos com visto de turista, pediu uma extensão de mais seis meses, mas não estava com seu passaporte nesta pequena viagem. Apressado para pegar o carro, que havia deixado do lado americano, resolveu não esperar o ônibus da excursão, que parou num “duty free” na estrada. Foi andando até a fronteira, poucos passos do onibus, mas aí foi detido pela imigração americana. Logo foi solto com uma advertência. Os oficiais disseram que ele estaria recebendo uma carta em breve.
Assustou-se, mas os tempos eram outros, diz Peixoto. “Não existia a caça ao imigrante”.
Mas por garantia, ele chegou em casa, avisou os amigos com quem morava e pegou a estrada em direção a Flórida. Chegando em Miami, por sorte ou destino, seu caminho foi abrindo: logo conseguiu trabalho com fibra de vidro numa fábrica de barcos, casou-se com uma brasileira naturalizada americana, pegou seus documentos de imigração, se divorciou tempos depois, e numa ida ao Brasil, conheceu sua atual esposa, Bianca.
Quando retornaram, começaram a trabalhar como caseiros de um médico americano, numa mansão em Coral Gables. Mas Bianca engravidou e a família americana, por receio de uma queda e algum problema durante a gravidez, preferiu demiti-los, mas o médico tinha uma casa em Key Largo que precisava de pintura. O casal poderia morar lá enquanto pintava.
Isso foi 23 anos atrás.
Hoje, Peixoto e Bianca tem três filhos, seu próprio barco e moram numa casa a beira d’água num bairro onde o imóvel mais barato é US$500 mil.
O trabalho de pintura na casa do médico americano foi o inicio de sua carreira de sucesso.
Ele trabalha até hoje com manutenção e reforma. “Sou um prestador de serviços em construção civil”, diz ele. “Um homem de 1000 ferramentas”.
E com suas ferramentas e simpatia foi conquistando os residentes de Key Largo, onde hoje ele é o único maçom latino da região.
Peixoto diz que o segredo de seu sucesso é “gostar da vida e do ser humano. Acho que na vida você tem que estar sempre rodeado de pessoas”, diz. “Você leva da sua vida a vida que você leva”.
E sua vida agora depende das eleições, em 6 de novembro.
Peixoto diz que mesmo se não ganhar desta vez, não vai desistir da vida política.
“Está no sangue”, diz José Felix, que descobriu há pouco tempo um diário do avô materno, do mesmo nome, onde ele escreveu durante os anos ’30 sobre os discursos que preparava para os políticos da época e os comícios que participava. Ele morreu quando a mãe de Peixoto tinha 1 ano.
“A maior lição do diário é ter perseverança”, diz o neto de José Félix. “A gente tem sempre que correr atrás do que tem vontade de ser”.
E Peixoto hoje quer ser a voz do brasileiro em Washington.
“Vou levar para o congresso dos Estados Unidos a bandeira do Brasil”, diz ele. “Temos que ter o prazer de falar: sou brasileiro-americano”.
Para maiores informações do político, visite seu website ou Facebook.
No vídeo, José Félix Peixoto fala sobre o diário do avô, também chamado José Félix, que conta um pouco de suas aventuras e atividades políticas na década de ’30. Peixoto nunca conheceu seu avô materno.
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