Com tanques fartos de espécies de peixes, os pequenos produtores começam a retirar a criação que já está no tamanho apropriado para a comercialização, que no caso do tambaqui varia em torno de 3 quilos.
Com cinco tanques de criação, é possível ter uma produção anual de 15 toneladas de peixe / Foto: Secom
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Junto com a Semana Santa, chega o período de despesca para os piscicultores que abastecem o comércio da região de Porto Velho. Com tanques fartos de várias espécies de peixes, os pequenos produtores começam a retirar a criação que já está no tamanho apropriado para a comercialização, que no caso do tambaqui varia em torno de 3 quilos.
O trabalho é técnico e exige mão de obra de aproximadamente cinco homens, que com a rede de pesca bem colocada precisam saber a forma correta de puxar o equipamento sem estressar os peixes. Com nove tanques na propriedade localizada na Comunidade de Terra Santa, Ramal Nossa Senhora das Graças, a cerca de 10 quilômetros da cidade, é impressionante a variedade de tambaqui, curimba, piau, jatuarana, pirarucu e até uma pirapitinga que está em teste no viveiro de seu Abelardo Menezes. O piscicultor contou com o apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para começar a criação, há três anos.
“Na primeira vez eu coloquei só tambaqui e jatuarana, depois comecei a mesclar. Agora vou investir mais em jatuarana, porque a resposta dela é mais rápida, chegando mais ligeiro ao peso de mercado, e eu já estou testando para tentar duas despescas por ano, que mesmo com o peso dela sendo um pouco menor deve me render um aumento de produção”, explica. E é nesse resultado que seu Abelardo está focado. Atualmente a produção anual do piscicultor é de 15 toneladas, mas com a resposta mais rápida ele espera crescimento para, pelo menos, 20 toneladas. Toda a produção do piscicultor é vendida nas feiras e mercados da capital.
Na mesma comunidade, segundo a presidente da Associação dos Agricultores Chacareiros Hortifrutigranjeiros da Comunidade Terra Santa (Assgricts), Lenir Barbosa, atualmente são nove piscicultores produzindo, mas o total de produtores com tanques escavados na localidade é de 17, em processo de legalização. “E nós temos um projeto com mais 17 produtores já com licença para fazer a escavação e este ano e temos outros oito que estão esperando sair o licenciamento para começar a escavar os tanques. Aqui na nossa comunidade existe até pesque e pague na Linha 8 para atender à população que queira visitar e pescar o próprio peixe. Temos a Emater como nosso maior apoiador e ainda contamos com a Semagric como parceira, isso tem fortalecido a produção local”.
Geração de renda
Seu Cosmo Dourado é piscicultor há mais de 10 anos, em uma propriedade localizada na Estrada da Jatuarana, Ramal do Brabo, quilômetro 28. Sem nenhum conhecimento à época sobre a atividade, ele lembra que a Emater fez o projeto, orientou sobre o manejo e a alimentação dos peixes, e ainda com o auxílio ao financiamento de R$ 26 mil, o que deu início à implantação do projeto. Hoje com cinco tanques, o piscicultor é um dos maiores da região, dentro dos quesitos da agricultura familiar.
“Já fiz até outro financiamento para poder ampliar o negócio, e faço 15 toneladas por ano, atendendo neste último ano ao Programa de Aquisição de Alimento do governo com uma tonelada de peixe. O restante eu vendo para os atravessadores, que revendem o produto no comércio da cidade. Meu lucro líquido anual é de R$ 45 mil”, conta Cosmo Dourado. O produtor gera renda a outras três famílias, pagando um salário mínimo a cada um dos três empregados.
A Emater continua dando assistência ao produtor que, através do PAA (parceria entre os governos estadual e federal) o quilo do peixe é comprado por R$ 6,50 e é direcionado para atender às entidades carentes e hospitais de Rondônia.
Seu Abelardo mostra a pirapitinga que está em teste no viveiro
Segundo a veterinária da Emater, Gilvânia Carvalho, a legalização da atividade é essencial, mas a burocracia ainda trava a produção, considerado que a cada dois anos é preciso renovar a licença, o que leva cerca de três meses para a conclusão do processo, além das taxas que são cobradas para documentação, e defende a dilatação do prazo para cinco anos.
“É um processo descentralizado, de uma caminhada junto à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental, onde é solicitado o processo de outorga da água, e com essa autorização o segundo passo é a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, sendo duas instâncias de fiscalização para legalizar a atividade. Teríamos dados muito mais interessantes para o estado e para o município em termos de piscicultura se esse prazo fosse reconsiderado. Esse é o apoio técnico dado pela Emater aos empreendedores familiares, que exploram uma área de até dois hectares de lâmina d’água”, explica Gilvânia.
A veterinária diz que a atividade está em franca expansão, com maior produção de tambaqui, jatuarana e pirarucu. São 63 produtores na capital que se encaixam na agricultura familiar, que estão cadastrados pela Emater e sendo atendidos pelo escritório de Porto Velho. Destes, 42 foram licenciados nos últimos dois anos. A média de produção anual é de oito toneladas de peixe por hectare na região.
Despesca de tambaquis
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