Afinal, qual o jeito correto de pronunciar Roraima? - por Marcos Lock

por Marcos Lock

30 de Outubro de 2023 às 10:42

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“Roráima” ou “Rorâima”, como você preferir. É que, segundo os linguistas, as regras fônicas de uma palavra são regidas pela língua falada, o que acaba influenciando demais na pronúncia do dia a dia e que, muitas vezes, é incorporada pelos dicionários.

Com relação à pergunta desta edição da nossa coluna, o que se observa na língua portuguesa falada no Brasil é que normalmente as sílabas tônicas que vêm antes de consoantes nasalizadas como o “m” ou o “n” também se nasalizam. É o que acontece com “cama”, que a gente diz [cã]ma, e de “banana” ou “semana” que seguem o mesmo raciocínio e viram ba[nã]na e se[mã]na. O curioso aqui é que somente a segundo vogal é nasalisada e a primeira não, apesar de ambas serem seguidos por “n” e “m”.

Os sons nasais são aqueles produzidos com passagem do ar pela boca e pelo nariz, em simultâneo. Eles são diferentes dos sons orais, que são produzidos com passagem do ar exclusivamente pela boca.

Exemplos de outras sílabas que se nasalizam porque vêm antes de “m” ou “n”: fenda, têmpera, pombo, afundar e monstro.

Existem ainda os ditongos nasais que acontecem em geral pela presença do sinal gráfico “til”. Exemplos: mãe, pão, mão, canção, coração e melão.

No caso de Roraima, a sílaba problemática (“ra”) é tônica e vem antes do “m”. Ok, mas aí entra em cena o “i”, que acaba com a regra da nasalização citada acima. A mesma coisa acontece com o nome próprio “Jaime”: a maioria das pessoas não nasaliza a sílaba “Ja” e por isso não falamos [Jã]ime.

Então, fique tranquilo: se você sempre falou “Ro[rái]ma”, siga em frente, porque é a pronúncia mais correta do ponto de vista gramatical. E você ainda não pagará de turista, porque, afinal, os moradores do estado adotam esta maneira. Mas se você insiste em ficar com a forma nasalizada Ro[rãi]ma, não fique tão preocupado, porque é a tal língua falada que vai emprestando as formas usadas todos os dias por grande parte dos brasileiros e que vai se impondo pouco a pouco.

Até a próxima coluna, amigos leitores!

(*) Marcos Lock é jornalista profissional e professor de Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Rondônia (Unir)

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