Isso é também consequência do avanço da campanha de vacinação nos EUA, onde mais de 53% da população já recebeu pelo menos uma dose da vacina, percentual só superado por Israel e Reino Unido.
Os dados contrastam com 6,1% na Colômbia, onde as autoridades foram obrigadas a decretar novos confinamentos para conter o avanço da epidemia. Em outros países, o percentual de pessoas vacinadas também é baixo: 9,5% no México e 1% na Venezuela.
Na região, poucos casos excepcionais, como Uruguai e Chile, se aproximam dos números americanos.
"A América Latina é a região que atualmente mais necessita de vacinas", diz a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne.
Isto é um problema?
Quando a crescente chegada de latino-americanos — incluindo pessoas famosas cuja vacinação causou polêmica — virou notícia na imprensa, alguns Estados anunciaram medidas para garantir que apenas residentes recebessem a vacina.
O governador da Flórida, Ron DeSantis, anunciou que o Estado exigiria comprovante de residência para aplicar a vacina.
Mas a Secretaria de Saúde do Estado disse à BBC Mundo que há exceções.
Como a Flórida tem muitos residentes temporários, principalmente idosos, as autoridades dizem que "não podem limitar" a vacinação de pessoas que não moram lá durante todo o ano.
Na sexta-feira (30/04), o clínico geral do Estado, Scott Rivkees, emitiu uma instrução recomendando estender a vacinação a todos os não-residentes na Flórida que estejam lá "fornecendo bens e serviços".
Os turistas latino-americanos que foram vacinados na Flórida consultados pela BBC Mundo disseram que não é necessário comprovante de residência.
E até políticos locais parecem ter visto no novo "turismo de vacinas" uma oportunidade de compensar um pouco a queda de visitantes causada pela pandemia. É o caso do prefeito de North Miami Beach, Anthony F. DeFillipo, que chegou a sugerir que estrangeiros venham para a cidade em busca da vacina.
Três dias depois, a Prefeitura esclareceu em comunicado que cabe à Secretaria de Estado da Saúde definir os critérios para administrar a vacina.
Mary Jo Trepka, especialista em Epidemiologia da Florida International University, disse à BBC News Mundo que "nos EUA há um amplo estoque de vacinas e a pequena porcentagem de doses que os viajantes latino-americanos estão tomando não deve representar um problema [para os demais americanos]".
"Na verdade, é do interesse dos EUA que a população de nossos países vizinhos seja vacinada e, do ponto de vista da saúde pública, o problema é: por que não estão chegando vacinas suficientes a esses países", diz Trepka, que cobra do presidente dos EUA, Joe Biden, um maior envolvimento no programa Covax e em outras iniciativas de ajuda a países menos favorecidos.
A Casa Branca anunciou em 26 de abril que enviará 60 milhões de doses da vacina Oxford-AstraZeneca para países em dificuldade "assim que elas estiverem disponíveis". Mas ele não detalhou quem serão os favorecidos.