Estatais passarão por pente-fino para melhorar gestão

Estatais passarão por pente-fino para melhorar gestão

Estatais passarão por pente-fino para melhorar gestão

Foto: Divulgação

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

Uma das missões dadas pelo presidente em exercício Michel Temer à nova equipe econômica é passar um pente-fino nas empresas estatais, alvo de tantas notícias negativas nos últimos anos. A ideia é corrigir os excessos do passado, impor uma gestão mais bem avaliada pelo mercado financeiro e aumentar o grau de eficiência das empresas. O novo governo planeja não apenas substituir nomes, mas fazer uma devassa nos contratos das empresas, a fim de cortar as despesas e aumentar a confiança.

Isso não significa que as estatais não continuarão aparelhadas. Se, antes, seu comando era dividido entre PT, PMDB e PP, com a saída dos petistas, os políticos dos dois últimos partidos continuarão a fatiar as empresas. O peemedebista Eliseu Padilha deve coordenar essa movimentação e orientar a renegociação dos contratos de cada uma das estatais.A troca nos comandos da Petrobras e do Banco do Brasil deve ficar para um segundo momento no governo Michel Temer. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai participar da escolha dos substitutos de Aldemir Bendine (Petrobras) e Alexandre Abreu (BB), mas isso será feito com calma, para não criar turbulências no mercado financeiro, afirmaram interlocutores.

Alguns nomes que foram ventilados para a Petrobras, no entanto, já foram descartados. Um deles é do consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura. Segundo interlocutores de Temer, ele não poderia comandar a estatal por ter atuado como consultor de empresas estrangeiras no setor de petróleo e gás. Outro nome que tem circulado como cotado para a Petrobras é o do presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), Jorge Camargo.Uma das preocupações do novo governo é que o presidente da Petrobras seja um nome amigável aos petroleiros e não tenha atuado em favor de concorrentes estrangeiros. As associações de funcionários da Petrobras são organizadas e têm um viés estatista. Por isso, a ideia é não criar tensões nas relações com o grupo.

Além disso, será mais fácil aproximar-se de Bendine do que tirar o executivo do comando da petrolífera de uma vez. Uma recente mudança no estatuto da Petrobras prevê que, mesmo que seja desligado da presidência pelo controlador (ou seja, o governo federal), Bendine ficaria no conselho diretor. Para tirá-lo de lá, seria necessária sua renúncia, ou uma assembleia para reformar novamente as regras da empresa, o que poderia gerar mais solavancos na petrolífera. E isso não interessa ao governo Temer.De acordo com interlocutores próximos de Bendine, ele ainda não foi procurado pelo presidente interino nem por emissários deste. O presidente da Petrobras teria dito que não dará o primeiro passo, por considerar deselegante.

SITUAÇÃO DA CAIXA PREOCUPA
 
Com relação a uma possível ânsia de privatização de partes da empresa, a avaliação é que seria impossível fazer algo além do que já consta no plano de desinvestimento de US$ 14 bilhões este ano, por causa da situação do mercado internacional. Esse cenário só mudaria se o mercado se tornasse comprador e surgissem boas oportunidades.
 
A maior preocupação é com a Caixa Econômica Federal, que será presidida pelo ex-ministro da Integração Nacional e das Cidades Gilberto Occhi. Segundo uma fonte próxima a Temer, uma decisão já tomada é que, à exceção do presidente da instituição, todos os vice-presidentes da Caixa terão de ser funcionários de carreira. Até então, eram permitidas indicações políticas. A equipe de Temer quer levantar qual o real custo para a instituição dos programas do governo federal. Como o banco foi o principal palco das pedaladas fiscais, o possível novo governo quer uma devassa nas contas da instituição.De acordo com o novo ministro do Planejamento, Romero Jucá, o governo Temer está discutindo uma política de fortalecimento das empresas estatais e das agências reguladoras.— A ideia é implantar critérios de governança e meritocracia nos quadros dessas instituições — afirmou Jucá.
 
O economista José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre/FGV, chama atenção para o fato de a recessão trazer dificuldades de caixa para a grande maioria das empresas do país, e não apenas às estatais. Para ele, é preciso “apagar o incêndio”, com um plano de estabilização da economia e, depois, montar um plano de reestruturação, para retomar o crescimento. Mas ele acredita num cenário melhor para as estatais no novo governo:— No caso da Petrobras, em particular, se garantir que será gerida de forma profissional e segundo a governança de mercado, se for assegurada a liberdade de preços de combustíveis e se garantir que os erros da Lava-Jato não se repetirão, eu acho que o governo poderia, inclusive, até se oferecer para comprar em mercado ações da empresa, pelos atuais baixos preços. Se ele cumprir o que aqui eu relaciono, o valor das ações da empresa subirá rapidamente, e o governo pode revendê-las depois e ganhar mais dinheiro com isso do que arrecadando um imposto tão ruim para a economia como a CPMF.Um aporte do governo para aliviar o caixa e, sobretudo, o endividamento das principais estatais poderia ocorrer, afirmam especialistas em contas públicas. O inevitável nesse caminho é o aumento da dívida pública.
Economista e um dos criadores do Plano Real, Edmar Bacha acredita que, dificilmente, o governo conseguirá evitar um aporte para salvar as empresas estatais.
 
Esse movimento, no entanto, deve ser acompanhado, segundo ele, por uma ampla reestruturação das companhias. Ele cita a Petrobras como exemplo de uma empresa que precisará de recursos do governo.— As estatais estão todas quebradas, e o governo provavelmente terá que fazer um aporte. Mas não é possível manter a mesma estrutura. É preciso uma solução múltipla, que inclua uma reestruturação das estatais e dos setores em que atuam. É preciso aporte, mas também redefinir as empresas, reestruturar dívidas, refazer tudo — defendeu Bacha.Segundo o economista, o custo fiscal pode ser reduzido de acordo com as condições estabelecidas no apoio à estatal. Ele lembra que é possível, por exemplo, condicionar o aporte ao compromisso de venda de ativos no futuro.Para o economista Raul Velloso, a prioridade para o aporte seria das companhias cujos preços foram controlados pelo governo, principalmente Petrobras e Eletrobras.— Os preços fora da realidade criaram buracos grandes, e as companhias precisaram se endividar. Já houve alguma correção de preços com o (Joaquim) Levy. Mas o principal problema das estatais veio pelo aumento do endividamento.
 
Haveria duas vias paralelas para melhorar o caixa das estatais, ressalta Velloso. Uma pela venda de ativos; a outra, com recursos do governo:— O governo não tem dinheiro para isso. Mas pode emitir moeda e botar lá. Vai aumentar a dívida pública de qualquer maneira. Isso tem de ser feito num momento de credibilidade. Agora, por exemplo, é momento de fazer.

ALERTA PARA A DÍVIDA PÚBLICA
 
Já a economista Margarida Gutierrez, especialista em contas públicas da UFRJ, acredita que o socorro do governo às estatais não poderia ser feito de imediato:— O aumento da dívida pública é um problema. E será preciso ver como a sociedade vai reagir a isso. Se for bem conversado, de forma transparente, pode ser um farol. Vai depender da relação do novo governo com o Congresso. O ajuste fiscal é a agenda mãe. Após garantir as primeiras reformas, ter um projeto fiscal encaminhado, terá apoio para investir nas estatais.
 
Já o ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso é contra qualquer resgate de estatais pelo governo. Na sua avaliação, há excesso de empresas governamentais no país, e estas devem aprender a sobreviver sozinhas. Ele afirma que o país tem hoje 303 entidades descentralizadas — empresas estatais e autarquias, por exemplo —, enquanto nos Estados Unidos há 62.— O governo deveria deixar as estatais se virarem. Tem tantas... Se algumas morrerem, será um benefício para o país — afirmou.
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Na sua opinião, qual companhia aérea que atende Rondônia presta o pior serviço?
Você ainda lê jornal impresso?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS