A chegada primeira de Roberto Sobrinho (PT) ao palácio Tancredo Neves foi cercada de muita expectativa, especialmente pela possibilidade de melhorias nos serviços prestados pelo município, com relevo para os setores da saúde, educação e do transporte coletivo.
Particularmente, quanto à questão do transporte coletivo, a população manifestou a mais positiva esperança de que o prefeito acabaria com o ônibus tele sena, como prometera, durante a campanha eleitoral, e, de quebra, ainda sepultaria o monopólio que, há vinte anos, vem ditando as regras do jogo. Na área da saúde, sucessivas e diferentes propostas foram apresentadas para tentar evitar o completo caos no atendimento à população, mas todas redundaram inócuas. A situação, hoje, é deprimente: não há médicos nem medicamentos nas unidades de saúde.
A calamidade na educação já se arrasta desde há muito, mas se aprofundou depois que Epifânia Barbosa passou a comandar a pasta. Há pouco, servidores do setor acamparam defronte ao palácio Tancredo para protestarem contra a política salarial do governo Sobrinho. Só deixaram o local depois que o prefeito garantiu-lhes enviar à Câmara Municipal o PCCS da categoria. Evidente que outras áreas de interesse público estão igualmente beirando o caos, sem que Sobrinho tenha, até o momento, encontrado o meio capaz de solucionar os problemas correspondentes.
Não menos graves são as denúncias envolvendo membros da equipe do prefeito. Na semana passada, o deputado estadual Ribamar Araújo (PT) voltou a afirmar, durante entrevista a uma emissora de rádio da capital, que há secretário bandido na administração petista. Não satisfeito, ainda chamou Sobrinho de “político safado”. Cruz credo! A sabedoria popular há muito consagrou a relação essencial entre o fogo e a fumaça. Assim, onde há fumaça, por certo, haverá fogo. Denúncias a propósito de irregularidades e mau uso de recursos públicos, portanto, podem até não serem verídicas, mas algo prenuncia que estejam ocorrendo. Necessário, pois, que o prefeito esclareça os fatos e deixe clara a intenção de não passar a mão pela cabeça de ninguém.
Para alguém que prometeu moralizar a coisa pública e mudar o velho jeito de fazer política no município, Sobrinho vem deixando muito a desejar, sobretudo quando se cerca de velhas e manjadas raposas, que sempre deram um jeito de corpo para permanecerem na crista da onda, usufruindo das mordomias e vantagens que o poder oferece. Lamentavelmente, os exemplos de conhecimento público que atingem o coração da administração Sobrinho desautorizam-nos a sonhar com melhores dias para os setores da saúde, educação e do transporte coletivo, dentre outras áreas essenciais à população.