Embora pareça definida a posição do PMDB para a próxima eleição, em Rondônia, nada está certo ainda. Apesar de ter o maior elenco político do Estado, muitas coisas podem acontecer até a convenção. As possibilidades são tantas que não será surpresa, para os analistas políticos, se o partido recuar e assumir uma posição de coadjuvante.
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) é o maior e um dos mais bem estruturados de Rondônia. Com os dois Deputados Federais mais atuantes do Estado e o Senador mais atuante, (segundo a opinião pública), o maior número de prefeitos, a maior bancada na Assembléia legislativa e o maior número de vereadores de Rondônia, o PMDB é hoje, sem dúvida, o partido com maiores chances de conquistar o governo de Rondônia em 2010. Veja as possibilidades:
O Presidente do partido em Rondônia, Senador Valdir Raupp, lançou, em encontros estaduais, o nome do prefeito de Ariquemes, Confúcio Moura, que é um dos nomes de maior expressão no partido. A intenção (pregada) é trazer o PT para compor com o candidato a vice. Apesar de tantos bons atributos pessoais e as promessas de Raupp, as possibilidades de Confúcio ser o candidato do partido são remotas.
Confúcio tem uma boa assessoria de imprensa, a menor rejeição dentre os pré-candidatos ao governo para 2010, tem cerca de 70% dos votos de Ariquemes e quase 50% dos votos da região do Vale do Jamari (Estimativa baseada em pesquisa do IRPE), mesmo assim é remota a possibilidade de trazer o PT de vice. Confúcio, mesmo sem o PT, seria um bom nome para concorrer. Mas, para ter chance, teria que intensificar o seu trabalho de mídia no restante do Estado e marcar presença nos municípios. Para se saber o porquê de Confúcio não ser o candidato do PMDB em 2010, é preciso entender as outras possibilidades do partido, descritas a seguir.
A bola da vez da família Donadon, o Deputado Federal Natan Donadon tem pouca chance de ser o candidato do PMDB ao governo em 2010. Apesar de gozar de prestígio junto ao presidente Nacional, Michel Temmer, tem pouco espaço no partido em Rondônia e é desprestigiado pela direção Estadual. Caso queira concorrer, Natan deve procurar uma forma de sair do partido e criar outro grupo político. Se ele souber fazer essa manobra com maestria, será um forte candidato nas próximas eleições para governo em Rondônia.
Tanto a Deputada Marinha Raupp, quanto o Senador Valdir Raupp, também são fortes pré-candidatos, e não estão descartados. Valdir Raupp nunca escondeu seu desejo de se eleger novamente ao governo ou eleger sua esposa, Marinha. Caso ele consiga fazer com que Confúcio Moura desista da candidatura, por argumento ou por pressão, poderá colocar um dos dois Raupp no páreo.
Mas essas decisões não dependem somente da vontade do PMDB. Vai depender das configurações que se apresentarem antes das convenções. Por exemplo: Ivo Cassol é, atualmente, o mais forte candidato ao Senado, e como tem duas vagas e dois votos por eleitor, ele pretende lançar, como segunda opção, o Senador Expedito Junior, que poderá concorrer, mesmo sendo cassado (o que deve acontecer). Nesse caso, Cassol poderá transferir parte de seus votos para Expedito e ameaçar a reeleição de Raupp ao Senado. Com o risco de ficar de fora, Raupp pode convencer o partido a lançá-lo ao governo.
A mais conveniente posição do PMDB nas próximas eleições não é de protagonista, mas de coadjuvante. É provável que o PMDB indique o candidato a vice-governador na chapa do PT. Nesse caso, uma das exigências do partido será a candidatura do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. Dessa forma, o município de Porto Velho ficaria nas mãos do vice-prefeito, Emerson Castro, do PMDB.
Vantagens: a prefeitura de Porto Velho para governar; a dobradinha Fátima Cleide e Raupp como candidatos ao Senado; nominata forte para Deputados Federais e Estaduais, o que beneficiaria diretamente Marinha Raupp para a reeleição; Sueli Aragão seria a candidata a vice-governadora (uma pedra a menos no sapato de Raupp); com uma boa negociação, o PT poderá bancar a campanha da família Raupp ao Senado e à câmara, o que torna muito conveniente (Para o casal Raupp) essa posição do partido.
É grande a possibilidade de vermos, mais uma vez, o maior partido do Brasil e de Rondônia se curvar diante de interesses particulares e entregar, de “mãos beijadas”, o papel principal da história do Estado nos próximos quatro anos.
* Dejanir Haverroth é jornalista em Vilhena e diretor do Instituto Rondoniense de Pesquisa e Estatística (IRPE)