Esquecimento Nocivo - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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Sente-se certo arrefecimento no interesse com que a sociedade e alguns meios de comunicação vinham acompanhando o andamento de denúncias contra auxiliares do prefeito Roberto Sobrinho (PT).
 
À medida que os dias passam, parece tornar-se mais distante o momento de a população portovelhense receber de muitos que a governam a satisfação à que tem direito.
 
O ímpeto inicial, que apontava na direção de uma execração sumária do secretário, acusado de favorecimento na compra de grama pela prefeitura, aparenta ter-se enfraquecido. A promiscuidade partidária contribuiu para estorvar à apuração dos fatos e, conseqüentemente, a punição de eventuais culpados.
 
O tempo, como se sabe, é capaz de sepultar as mais ardentes aspirações. Se – como dizem os interessados em que a sociedade esqueça episódios comprometedores – ele é o senhor da razão, é muito mais o ralo por onde tem escorrido parte dos anseios populares, além de grande quantidade de recursos públicos.
 
É com isso que jogam os que delinqüem. Em vez de respostas concretas às acusações contras eles assacadas, fingem-se de vítimas, apostando todas as suas fichas na suposta falta de memória da sociedade e na impunidade reinante.
 
Não é à toa o sentimento de descrença que domina a população, diante de tantas aberrações praticadas com o dinheiro público, na maioria dos casos, sem a correspondente punição.
 
 Foi-se o tempo em que ao roubo e ao furto se aplicava a pena capital. Tempos de barbárie, onde a punição, por mais desproporcional e cruel, não fazia o que nos acostumamos a chamar, modernamente, de justiça.
 
Nesse contexto, pode-se ainda tirar exemplos que deveriam ser guardados como relíquias pelas novas gerações. Em sua Oração aos Moços”, Rui Barbosa diz que “os tiranos e bárbaros antigos tinham, por vezes, mais compreensão real da justiça que os civilizados e democratas de hoje”.
 
E cita Canuto, rei dos Vândalos, como um dos praticantes dessa virtude. Ao mandar justiçar uma quadrilha de salteadores do tesouro de seu povo, ouviu de um deles de que era parente do rei e, como tal, exigia tratamento diferenciado. Pois é. A única distinção que lhe deu Canuto foi mandar fazer a força mais alta, se o bandido provasse que era seu parente.
 
Bem escreveu o escritor Carlos Cardoso Aveline, em seu “O Evangelho da Ética no Brasil”, segundo o qual quando a autoridade máxima não pune os desvios de conduta, sejam eles cometidos por filhos,  parentes, secretários, amigos, companheiros, partidários e auxiliares, “a responsabilidade pelos crimes recai diretamente sobre  a autoridade”.
 
Interessante se o prefeito Sobrinho se debruçasse sobre a frase acima e mandasse apurar matérias postadas no RONDONIAOVIVO e repercutidas nos jornais TUDO RONDÔNIA e OOBSERVADOR, dando conta do envolvimento de membros de primeiro escalão de sua administração em possíveis irregularidades, como, por exemplo, a aquisição de grama, a celebração de contrato sem licitação e o misterioso sumiço de uma camionete hillux da municipalidade.
 
Direito ao esquecimento

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