O corregedor-geral de Polícia Civil, delegado Ilzomar Pontes do Rosário, determinou ontem a abertura de inquérito policial para apurar uma grave denúncia contra o delegado José Pereira, um dos titulares da Delegacia Central de Flagrantes.
*Ele foi denunciado no Ministério Público Estadual e na Corregedoria-Geral de Polícia por suspeita de crime de peculato. Pereira é acusado de ter cobrado certa importância em dinheiro para liberar Raimundo de Souza Braga Filho (34), preso em flagrante por tentativa de homicídio. A autoridade ainda apreendeu, ilegalmente, valores da vítima.
*À imprensa, o delegado Pereira confirmou que, realmente, havia apreendido um relógio, R$ 40 e os documentos do denunciante, segundo ele, por medida de segurança, pois ele havia lesionado uma pessoa que precisava se deslocar para outro Estado.
*O delegado Ilzomar Pontes, corregedor-geral de polícia, disse que, de qualquer forma, o colega agiu de maneira errada, pois o acusado foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e deveria ser encaminhado ao presídio. No mínimo, se ele tivesse cometido crime de lesão corporal, deveria ser levado ao Juizado Especial Criminal. Tudo, menos ser liberado”, disse o corregedor.
*Os fatos
*Às 23h20 de quinta-feira, em 22 de fevereiro, depois de se embriagar na travessa São João, bairro da Cidade Nova, Francisco de Souza Braga Filho tentou matar a terçado Cláudio Roberto Ramos (28). Motivo: ciúme de sua mulher.
*Preso em flagrante pela PM, foi levado à Delegacia Central de Polícia. Pelo crime, o acusado deveria ser encaminhado ao presídio, o que não ocorreu.
*Segundo Braga Júnior, na manhã de sexta-feira, o próprio delegado Pereira foi ao xadrez para liberá-lo caso ele pagasse R$ 700. Segundo a autoridade, o dinheiro pagaria o tratamento da vítima e sua passagem de volta a Minas Gerais, de onde é natural.
* Francisco disse que não tinha o dinheiro. Pereira pegou o número do telefone do pai do denunciante, senhor Francisco de Souza Braga (75). Depois de pressionar o idoso, alegando que o filho seria encaminhado ao presídio, acertou que o pagamento em três vezes.
*Apreensão
* Francisco Braga disse que, minutos após ser liberado, para sua surpresa, o delegado Pereira, alegando “medida de segurança”, apreendeu sua bolsa com documentos, R$ 40 e um relógio avaliado em R$ 650. “Ele me deixou sem poder trabalhar”, disse.
*Ontem de manhã, sentindo-se pressionado, o trabalhador foi ao Ministério Público Estadual e à Corregedoria-Geral de Polícia. O delegado Ilzomar Pontes do Rosário determinou a abertura de inquérito.