Pela primeira vez na história da justiça brasileira o caso de indenização por violação de Direitos Humanos envolvendo os soldados da borracha ainda vivos e também filhos e netos daqueles que já faleceram será julgado. Para tal feito a Juíza Federal da 2ª Vara da Justiça Federal em Rondônia, Carmen Elizângela Dias Moreira de Resende, intimou o Governo Norte Americano e a União Federal, pois na época da chamada “Campanha da Borracha”, ambos os países assinaram os acordos de Washington, visando assim, enviar os nordestinos a floresta amazônica a fim de multiplicar a produção da borracha brasileira que foi necessária para vitória na 2ª Guerra Mundial.
De acordo com o advogado dos Soldados da Borracha e familiares, Irlan Silva, um dos relatórios das Organizações das Nações Unidas (ONU), que investigou casos de violação de direitos humanos no mundo, relatou que a situação dos seringueiros da Amazônia foi um exemplo de trabalho escravo mantido por inércia pelo Estado brasileiro, típico de tratamento desumano e degradante à pessoa humana. “Os dois países não responderam desde o fim da 2ª Guerra Mundial, sobre as condições de vida do soldado da borracha que foi de suma importância para os países aliados”, explicou o Advogado, Irlan Silva.
Segundo o Advogado, o Ministério de Relações Exteriores está ciente do caso, pois cabe agora ao ministério cobrar a participação dos Estados Unidos processo. No entanto, Irlan Silva, informou a reportagem do Rondoniaovivo.com que a justiça Norte-Americana se submete a jurisdição voluntariamente.
Na ação judicial estão incluídos mais de 1.000 pessoas e entre elas o ex-Soldado da Borracha, identificado pela reportagem como: Antônio Barbosa da Silva, de 87 anos, que chegou em Porto Velho (RO) em 1942, contratado por uma companhia Norte Americana. Segundo Antônio Barbosa, os Governos brasileiro e Norte Americano prometeram a eles, que todos retornariam as suas respectivas terras natais e seriam indenizados, após a 2ª Guerra Mundial e ressaltou: “É por isso que estamos a 67 anos lutando por justiça. Sofremos com patrões, mosquitos, cobras e onças. Tudo de ruim nós passamos aqui. Tudo por uma guerra que até hoje nos assombra a cada momento. Agora vamos até o fim”,desabafou o ex-soldado da borracha.
Diante de tal situação a reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério de Relações Exteriores, que através de um assessor, identificado pela reportagem como Patrique, foi informado sobre o assunto e ao ser questionado sobre uma possível nota do Ministério de Relações Exteriores, disse que o assunto não cabe nota informativa, pois não abala moralmente as duas nações citadas no processo e finalizou dizendo que iria averiguar e quando fosse possível retornaria a ligação.