Um comerciante registrou em vídeo, nesta semana, uma tentativa de furto em plena luz do dia no Centro de Porto Velho. Um morador de rua escalava o padrão de energia elétrica de um estabelecimento para furtar fios, prática que tem se tornado comum na região. A cena, segundo comerciantes, é apenas mais um retrato do avanço da criminalidade associada ao crescimento da população em situação de rua, agravado pela dependência química e pela ausência de políticas públicas eficazes.
A área central da capital rondoniense, denunciam trabalhadores e empreendedores, está tomada por pessoas vivendo nas ruas, muitas delas usuárias de drogas, o que tem elevado os prejuízos causados por furtos, arrombamentos e abordagens agressivas. Os comerciantes afirmam que se sentem abandonados pelo poder público e que a insegurança se tornou parte da rotina.
O presidente da Associação dos Ferroviários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (Assfemm), George Telles, voltou a alertar para o quadro cada vez mais grave. Segundo ele, Porto Velho acompanha uma tendência nacional de crescimento acelerado da população em situação de rua, mas sem apresentar qualquer ação coordenada entre governo, prefeitura e entidades comerciais para enfrentar o problema.
Telles afirma que a crise não pode ser tratada apenas como questão de segurança. Para ele, é resultado de múltiplos fatores: instabilidade emocional, histórico de violência familiar, abandono, dificuldades econômicas e, sobretudo, dependência química. “É um fenômeno complexo, que envolve vulnerabilidades profundas. Essas pessoas são diariamente marginalizadas e enfrentam enormes barreiras para acessar alimentação, higiene, saúde e oportunidades de reconstrução de vida”, reforça.
O presidente da Assfemm critica também a falta de posicionamento mais firme de entidades representativas do comércio, que, segundo ele, não têm pressionado suficientemente por ações concretas. Para Telles, é urgente a formação de uma força-tarefa permanente capaz de estruturar políticas de assistência e reinserção social. “Não basta retirar pessoas das ruas. É preciso oferecer acolhimento, capacitação, acompanhamento psicológico e caminhos reais para mudança. Sem isso, continuaremos apenas enxugando gelo”, afirma.
Enquanto não há resposta efetiva do poder público, a situação no Centro de Porto Velho se deteriora: comerciantes acumulam prejuízos, moradores evitam circular pela região e a população em situação de rua permanece invisibilizada, vulnerável e sem perspectivas.