A hoje movimentada Avenida Jatuarana, principal eixo comercial da zona sul de Porto Velho, nasceu em meio à tensão e à luta por moradia. O local que atualmente abriga supermercados, bancos, farmácias e centenas de comércios era, há pouco mais de 40 anos, uma área de mata fechada e palco de uma das maiores ocupações urbanas da capital rondoniense.
Na noite de 18 de maio de 1984, centenas de famílias ocuparam a área onde hoje se localiza o bairro Jardim Eldorado. A invasão foi organizada e liderada pela então vereadora Raquel Cândido, em uma ação que visava garantir moradia a famílias em situação de vulnerabilidade. A mobilização, no entanto, rapidamente atraiu a atenção das autoridades, gerando dias de tensão e conflitos com a polícia.
“Cortei um terreno pra montar um mercadinho. Rocei e capinei. Mas quando veio a ordem de desocupação e rolou confusão com a polícia, meu pai me proibiu de continuar com o projeto”, lembra um antigo morador que presenciou os primeiros dias da ocupação. O sonho de abrir um pequeno negócio foi interrompido pela instabilidade do momento comum em ocupações não regularizadas.
Apesar da tentativa de desocupação e dos conflitos iniciais, as famílias resistiram. Com o passar do tempo, o Jardim Eldorado se consolidou como bairro, e a área principal da invasão se transformou na hoje conhecida Avenida Jatuarana. O que começou com barracos improvisados e ruas abertas à força pela comunidade virou, ao longo das décadas, um dos polos econômicos mais importantes da cidade.
A história da Avenida Jatuarana é um exemplo de como a ocupação urbana em Porto Velho muitas vezes se deu pela força da necessidade e da organização popular. O que era considerado ilegal e provisório em 1984 é, hoje, endereço de milhares de famílias e de um comércio vibrante que movimenta a economia local.