PROTEÇÃO: Aldeias indígenas de RO terão sistema inédito de monitoramento no Brasil

Sistema Hermes vai beneficiar povos das etnias Uru Eu Wau Wau e Oro Nao

PROTEÇÃO: Aldeias indígenas de RO terão sistema inédito de monitoramento no Brasil

Foto: Indígenas são capacitados para usarem sistema via rádio para proteger territórios contra a ação de invasores - Foto: Luciene Kaxinawá/Kanindé

 
Dia Mundial do Meio Ambiente comemorado neste domingo (05), também é o dia em que indígenas das etnias Uru Eu Wau Wau e Oro Nao, ambos de Rondônia, serão os primeiros no Brasil a testarem o sistema de telecomunicação digital em ondas curtas, chamado de Hermes. 
 
De acordo com os idealizadores esse é um sistema de comunicação remota de baixo custo que auxiliará o sistema de monitoramento territorial, promovendo uma comunicação mais fortalecida, ágil e segura. 
 
Como a tecnologia é nova, especialistas de dentro e fora do país estiveram no estado para a capacitação dos indígenas. Logo após esse momento, foram realizadas as instalações dos equipamentos dentro de duas comunidades. 
 
Foram três dias de intenso trabalho e aprendizado. Para o indígena Kaimbu Juma Uru Eu Wau Wau esse momento é de grande importância, principalmente para a juventude indígena.  
 
“A gente vai levar um grande aprendizado para que possamos ensinar outras pessoas, fortalecer isso dentro das nossas comunidades para fortalecer essa juventude. Vai funcionar de forma positiva para gente principalmente quando não tivermos energia elétrica, já que o sistema funciona por meio de placa solar”, afirma Kaimbu.
 
Sistema
 
Esta é uma atividade do “Projeto de Fortalecimento da Proteção dos Territórios Indígenas por Meio do Uso de Tecnologias”, executado pela Kanindé – Associação de Defesa Etnoambiental, com apoio da WWF Brasil e Fundação Moore. A instalação desse sistema contou com a parceria da empresa Rhizomatica e Usinazul. 
Rafael Diniz é um brasileiro que mora na Rússia e criou o sistema Hermes - Foto: Luciene Kaxinawá
 
“Esse sistema foi todo pensado e desenvolvido para a Amazônia, então poder fazer essa primeira instalação aqui é de fato uma realização para a gente”, diz Rafael Diniz, criador do sistema Hermes. 
 
Rafael é brasileiro, mas mora na Rússia há mais de dois anos. Ele veio ao Brasil para acompanhar de perto a instalação do Hermes. 
 
“O rádio é o sistema inteiro, com computador dentro, que faz o roteamento das mensagens e também a interface web que é acessada pelo celular. Esse sistema permite acessar todos os dados via wi-fi, onde pode enviar e receber mensagens, fotos e vídeos. Assim fica mais fácil fazer denúncias de ameaças dentro dos territórios”, afirma o idealizador do sistema.
 
Sistema ainda segue em fase de testes, mas anima indígenas para usarem equipamentos e protegerem suas áreas - Foto: Luciene Kaxinawá
 
De acordo com a geógrafa Damarys Elage, o sistema Hermes juntamente com outro chamado de sistema de monitoramento e desmatamento Kanindé, que gera aletas diários por meio de satélites e ajuda de imagens de drone em campo, além do aplicativo Smart, devem facilitar o envio de dados das comunidades e tomar as medidas cabíveis para o combate ao desmatamento e invasões nesses territórios. 
 
O coordenador técnico Israel do Vale conta que esse projeto já é estudado desde 2019 juntamente com a WWF Brasil (World Wide Fund For Nature ou Fundo Mundial para a Natureza), a partir de uma capacitação de indígenas com uso de tecnologias para o monitoramento territorial. 
 
A ideia foi colocada no papel e posteriormente colocada em prática. “O Hermes facilita a comunicação desses dados da aldeia para a base central, que fica em Porto Velho. Assim conseguimos dar agilidade no processo de denúncias”, comentou Israel.
 
 Integrantes dos povos Uru Eu Wau Wau e Oro Nao também focaram na montagem de toda a estrutura - Foto: Luciene Kaxinawá
 
Sem desmatamento
 
Felipe Spina que é responsável pelas tecnologias para conservação da WWF Brasil explica que o Hermes é o primeiro rádio digital homologado no Brasil. Segundo ele, o projeto é uma continuação das ações que a entidade faz desde 2019. 
 
“A gente começou fazendo apoio com as emergências dos incêndios (queimadas e incêndios florestais). Depois conseguimos financiamento da Fundação Moore (Gordon and Betty Moore Foundation) para trabalhar o componente de proteção territorial”. 
 
E segue: “E agora a gente está com o projeto do Bengo, que além dessa agenda de proteção territorial adiciona outras agendas muito importantes, como a agenda da sóciobiodiversidade, garimpo e outras questões”.
 
Felipe Spina, do WWF Brasil, também acompanhou de perto o passo a passo da instalação e capacitação em Rondônia - Foto: Luciene Kaxinawá
 
Um dos beneficiados com esse sistema foi o povo Oro Nao, que vive na região da fronteira entre Brasil e Bolívia, no interior de Rondônia. Só nesta comunidade vivem cerca de 400 indígenas. 
 
Para Benjamim Oro Nao, que é presidente da Associação Indígena Santo André, essa tecnologia deve ajudar a comunidade. O sistema ainda está em fase de testes dentro desses povos do estado.
 
Montagem de todo o Sistema Hermes durou alguns dias e movimentou comunidades indígenas do interior de Rondônia - Foto: Luciene Kaxinawá
 
“Nós estamos preparados e capacitados para utilizar essas tecnologias e fazer o monitoramento da nossa terra. A gente está querendo muito para defender nossa área”, destaca o indígena.
 
Quem também aprovou a instalação do novo sistema em território indígena foi o cacique João Marcos Oro Nao. 
 
“Nós estamos felizes mesmo, porquê a gente precisa disso na aldeia, desse apoio, principalmente em situações de emergência”.
 
“O Hermes facilita a comunicação desses dados da aldeia para a base central, que fica em Porto Velho", disse um dos representantes do WWF Brasil - Foto: Luciene Kaxinawá
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