CONTRADIÇÃO: Onde está o Partido Verde de RO na luta ambiental em nosso Estado?

Rondônia sofre com crimes ambientais dos mais variados tipos e não vimos o PV se manifestar contra essas mazelas

Ivan Frazão/Rondoniaovivo

25 de Dezembro de 2021 às 10:26

Atualizada em : 26 de Dezembro de 2021 às 13:23

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CONTRADIÇÃO: Onde está o Partido Verde de RO na luta ambiental em nosso Estado?

Foto: Divulgação

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No mundo inteiro, uma massa de pessoas está, cada vez mais, unidas pela preservação da Amazônia; fim da poluição ambiental; contra o efeito estufa; contra a construção de estradas em áreas de preservação ou pertencentes aos povos tradicionais (indígenas e quilombolas); contra a caça predatória, entre tantos outros temas urgentes ligados ao meio ambiente.

Uma característica comum aos participantes dos partidos verdes ao redor do mundo, e que está no DNA dessa agremiação política é a defesa ambiental. Vale lembrar que o Partido Verde surgiu na região da Tasmânia, na Austrália, quando em 1972, ecologistas se reuniram tentando impedir o transbordamento do Lago Pedder.

A luta deles ganhou a Austrália, avançando para outras partes do mundo, estando presente, hoje, em 120 países. Na Europa, formam uma das maiores bancadas no Parlamento Europeu. Sempre com a pauta voltada para as questões ambientais e fazendo muito barulho em relação a elas.

Partido Verde

No Brasil, o Partido Verde surgiu em 1986, seguindo o modelo de outros países, tendo como bandeiras de lutas: o desenvolvimento sustentável, a diminuição da desigualdade social, o federalismo, o parlamentarismo, a democracia direta entre outros temas.

O que se nota é que o meio-ambiente e as lutas pela preservação da natureza são os grandes campos de batalha do Partido Verde no país. No entanto, nos estados da Amazônia, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta e motivo de interesse por vários países, o PV é uma voz que se não se manifesta diante de tantas ameaças e crimes ambientais, praticados com mais intensidade nos últimos anos.

Rondônia é um dos estados amazônicos com as maiores taxas de desmatamento. Veja o gráfico:

Rondônia é um exemplo dessa omissão. O estado é um dos que mais desmataram desde o ano passado. Só para se ter uma ideia do tamanho da tragédia ambiental, Porto Velho, no último mês de agosto, auge das queimadas, ocupou o terceiro lugar entre os municípios da Amazônia Legal, que mais derrubou árvores. A área afetada foi de cerca de 78 km2.

Esses dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônica (Imazon). As primeiras colocações ficaram com os municípios amazonenses de Lábrea(107 Km2); e Boca do Acre(87 Km2).

O Imazon informa também que a Amazônia perdeu, de janeiro a novembro de 2021, uma área equivalente a sete vezes a cidade de São Paulo. Nesse período, foram ao chão 10.222 km² de floresta. Esse número é 31% superior ao mesmo período do ano passado e a pior marca dos últimos 10 anos.

Rondônia e Mato Grosso foram responsáveis, respectivamente, por 54 km² (11%) e 42 km² (9%) do desmatamento registrado na região em novembro. Esses dois estados também possuem cinco das 20 áreas protegidas que mais sofreram com a devastação da floresta, sendo duas unidades de conservação e três terras indígenas. São elas: Esec de Samuel (RO), Resex Jaci Paraná (RO), TI Karipuna (RO), TI Menkü (MT) e TI Rio Guaporé (RO).

Juntos com o Pará, esses três estados foram responsáveis por 80% do desmatamento na Amazônia no último mês de novembro.

Crimes ambientais

A derrubada da floresta em Rondônia, traz também um outro problema que é o desrespeito às terras indígenas. As terras Sete de Setembro e a Karipuna, foram as que mais sofreram esse tipo de crime que, infelizmente, se estende a outras áreas pertencentes a esses povos.

São várias as formas de agressão ao meio ambiente em Rondônia. Ainda faltou citarmos os garimpos no Rio Madeira, o tráfico e a caça de animais silvestres entre outros. Mas o ponto de questionamento desse artigo é em relação ao posicionamento do Partido Verde rondoniense.

As queimadas criminosas são um dos vários crimes ambientais cometidos em Rondônia

Os crimes ambientais estão por todo o Estado, as ameaças aos povos tradicionais (indígenas, quilombolas e povos isolados) são constantes e não vimos ou ouvimos qualquer tipo de manifestação por parte daqueles que deveriam ser considerados os principais defensores da causa ambiental em Rondônia.

Na Assembleia Legislativa de Rondônia, existe apenas um deputado estadual do Partido Verde, trata-se do veterano parlamentar Luizinho Goebel, que vem do sul de Rondônia. Região marcada por conflitos agrários (quem não lembra de Corumbiara?), grandes plantações de soja e latifúndios.

Mesmo sendo do Partido Verde, ele foi um dos parlamentares estaduais que votaram a favor do Projeto de Lei Complementar 080/2020, que legalizava 200 mil hectares de terras que foram griladas em Rondônia.

Contradição

Essas terras desse projeto de lei estão dentro das áreas de duas unidades de conservação, a Reserva Extrativista Jaci-Paraná e o Parque Estadual Guajará-Mirim. Essa medida só não se tornou realidade, de direito, por ação da Justiça Estadual que suspendeu o ato, mesmo após ter sido assinado pelo governador.

A contradição entre o que o Partido Verde prega e o que Luizinho Goebel faz é o mesmo que querer unir água e óleo. Impossível!

Além disso, o nobre parlamentar é líder do governador Marcos Rocha, na Assembleia Legislativa de Rondônia. Logo ele, um grande aliado do presidente Bolsonaro, que é defensor de todas as pautas que vão contra a preservação do meio ambiente no país e no mundo.

Por tudo isso que foi exposto, seria muito saudável que o Partido Verde, em Rondônia, dissesse a que veio e de que lado está: se é o da história e dos valores da agremiação ou dos que não querem nem ouvir falar dos princípios que nortearam e norteiam a trajetória dos ‘Verdes’ no mundo?

O Partido Verde de RO precisa mostrar de que lado está na luta pela preservação ambiental no Estado

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tags : Rondoniaovivo , Partido Verde , Rondônia , Crime Ambiental , Meio Ambiente , Luta Ambiental , Descaso , Rondonia ao Vivo , Preservação Ambiental , Queimadas , Desmatamentos , Amazônia , Notícia