Aprender a fazer diferente e a fazer melhor é o desafio dos empreendedores do século XXI, afirmou Maria de Lourdes da Silva, analista técnica do Sebrae Nacional em entrevista na cerimônia de abertura da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) em Ariquemes, realizada na manhã de 16 de outubro no auditório da Associação Comercial e Industrial de Ariquemes (Acia).
O evento contou com a participação de empreendedores, empresários e funcionários públicos do Território da Cidadania do Vale do Jamari. Após a abertura foi ministrada uma palestra sobre inovação e, no período da tarde, promoveu-se uma apresentação a respeito de sped fiscal e da nota fiscal eletrônica.
A SNCT está sendo promovida em todo o Brasil com o intuito de fomentar o desenvolvimento tecnológico. De acordo com Maria Tereza Marangon, Gerente da Unidade de Inovação e Tecnologia do Sebrae Rondônia, a realização do evento com a participação do público oriundo de municípios localizados no Território da Cidadania do Vale do Jamari foi possível devido a uma parceria com o Sebrae Nacional, que custeou as despesas com hospedagem, estadia e alimentação. “O intuito é possibilitar o acesso à informação mesmo para aqueles que vivem em regiões mais distantes dos grandes centros.”, explicou Tereza.
Inovação - Segundo Luís Antonio Fescina Júnior, consultor do Sebrae, existe uma política nacional voltada para a inovação. Somente produzir a baixo custo não é mais uma garantia para se manter no mercado. O processo de inovação tem que ser uma constante nos negócios, pois está comprovado que as empresas que inovam aumentam sua produção, seu faturamento e sua produtividade. De acordo com o consultor inovar não significa ter que inventar algo totalmente novo, mas sim preocupar-se com a diferenciação do produto ou serviço oferecido. A inovação pode ser a introdução de novos processos gerenciais dentro de uma empresa, a valorização do funcionário, o lançamento de novos produtos. O importante é sair da mesmice e estar atento para a movimentação no mercado.
Patentes - Anderson Pedro de Gasperi, diretor da Acia, empresário rondoniense, sabe bem o que é inovar e alerta para a necessidade de encurtar os caminhos burocráticos para o registro de patentes assim como para a criação das leis. Ele criou e patenteou semirreboques tracionados por motocicletas que têm o diferencial de não atrapalhar na estabilidade ou no desempenho aerodinâmico das motos. O seu produto, inovador, foi lançado no mercado em 1997, mas esbarrou na legislação do novo Código de Trânsito Brasileiro, que entrou em vigor em 1998 e proibia o uso desse tipo de acessório automotor. “Precisei de mais de 10 anos para conseguir que a legislação fosse mudada. A criação do projeto de lei, a tramitação pelo Congresso Nacional e a sanção presidencial demoraram cerca de quatro anos e meio, mas o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) levou seis anos para regulamentar a lei. Eu gastei muita energia e tempo correndo atrás de uma regulamentação que poderia ter caminhado com passos mais largos. A velocidade da máquina pública é muito lenta em relação à inovação tecnológica. Além disso, senti na pele o preconceito na aceitação de tecnologias desenvolvidas longe dos grandes centros.”, desabafou. Hiram Leal, Diretor Técnico do Sebrae Rondônia, ressaltou sobre a importância de se criar mecanismos governamentais em Rondônia que fomentem as iniciativas de pesquisa e criação de novas tecnologias.
Informatização tributária - Um outro desafio tecnológico brasileiro é fazer com que as empresas passem a informatizar sua área de gestão financeira através do sped fiscal. Um sistema eletrônico criado pelo fisco brasileiro para evitar a sonegação nas empresas e possibilitar o fluxo de informações. O assunto está sendo informado aos participantes da SNCT em Ariquemes através de palestra e consultoria tecnológica. Até 2014 serão implementadas novas exigências na área tributária direcionadas às micro empresas. A microempresária do setor de confecções, Darcila Maria Rossi, 55, assistiu à palestra sobre sped fiscal e nota fiscal eletrônica e disse que a sua loja, de venda de confecções, é informatizada, mas admite que ainda precisa se inteirar do novo sistema que será exigido pelo governo junto às micro empresas e completa “o caminho da informatização empresarial é um desafio permanente.”