Vai-se tornando lugar comum admitir que, se o semelhante comete um erro (para não dizer coisa pior), ao invés de merecer castigo, deve ele ser imitado. Só assim pode ser compreendido o hábito de imaginar que os pecadores não podem ser punidos, porque seus acusadores também os são.
Também já parece ter-se incorporado à conduta do cidadão a crença de que “se eu não fizer vem outro e faz”. Em alguns casos, “se eu não roubar vem outro e rouba”. Isso, é claro, tem justificado o aparecimento de muitas falcatruas, aqui e alhures.
Os exemplos estão aí, para quem quiser vê-los. São obras paralisadas, que, há vários meses, não passam dos esqueletos, serviços pagos e materiais adquiridos a preços superfaturados, dentre outras denúncias cabeludas. Inútil, portanto, é tentar tapar o sol com uma peneira, ou, então, insistir em vestir o manto esfarrapado da ética e da moralidade pública, acreditando que o povo é burro.
A tática de pegar lambari para servir de bode expiatório não funciona. É preciso mergulhar fundo no lodaçal fétido da malandragem e fisgar os tubarões, os que se cevam do dinheiro público, sem que nada lhes aconteça, quando muito uma pequena estada na carceragem da Polícia Federal. E pronto. Nada mais que isso. Depois, os finórios voltam a delinqüir, tranqüilamente.
O Ministério Público não pode deixar a situação passar em brancas nuvens. Antes que se faça luz sobre os fatos, não é intenção do colunista apontar o dedo na direção de ninguém. Há muitas pessoas sérias que não podem, jamais, ser confundidas com reles ordinários.
A população precisa protestar e cobrar providências das autoridades com relação aos recentes episódios envolvendo o erário portovelhense. Se os “caras-pintadas” não tivessem saído às ruas, deixando a decisão apenas nas mãos do Congresso Nacional, dificilmente, teríamos escorraçado do poder um presidente da República, acusado de confundir o público com o privado.