Secretaria Nacional antidrogas destinou R$ 27 mil para RO

Políticas de combate ao consumo de drogas não funcionam no Brasil, tampouco em Rondônia.

Secretaria Nacional antidrogas destinou R$ 27 mil para RO

Foto: Divulgação

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Alan Alex para o Rondoniaovivo

Com um orçamento de apenas pouco mais de R$ 16 milhões, a Secretaria Nacional Andtidrogas – SENAD gastou R$ 1.787.957,78 este ano. A maior parte dos gastos em diárias com pessoal civil, passagens e locomoções e “outros serviços”. Com premiações e incentivos para conscientização a SENAD gastou apenas R$ 51 mil. Só em diárias foi gasto quase três vezes esse valor, R$ 147 mil. É dessa forma que o Governo Federal trabalha para combater uma questão que está se tornando uma epidemia, um caso de saúde pública em todo o País.

Na semana passada em Porto Velho, um suposto traficante invadiu armado a casa de uma família e levou televisão, aparelho de DVD e outros objetos alegando que o filho do proprietário da casa lhe devia dinheiro. O rapaz é viciado e teria comprado drogas “fiado”. A polícia foi acionada e o suposto traficante preso. Na delegacia o acusado dizia que “iria acertar as contas” quando fosse liberado.

A família não tem a quem recorrer. Instituições como a Apatox, que trata de dependentes químicos em Porto Velho tem capacidade de atendimento limitada e sobrevive a custa de emendas parlamentares e doações. Outras entidades, como Porto Esperança.mantida pela Casa Familia Rosetta e Vida Nova, em Rolim de Moura enfrentam a mesma situação.

Em 2008 o Estado de Rondônia recebeu da SENAD a rídicula quantia de R$ 27.135,00 para “dotar de novos equipamentos e suporte necessários o Conselho Estadual de Entorpecenteno Estado de Rondônia, com a aquisição de mater iais permanentes, visando o desenvolvimento de suas atividades, mais precisamente naquelas ações ligadas à prevenção, fiscalização e repressão ao tráfico e uso de entorpecentes”. Enquanto isso a mesma secretaria gasta R$ 105 mil para locação de veículos.

Avanço do consumo

Em todo o País aumenta o consumo de substâncias entorpecentes e em Rondônia não seria diferente. Com o aumento populacional, principalmente nas proximidades dos canteiros de obras das usinas do Rio Madeira o consumo e tráfico aumentou consideravelmente. O pequeno distrito de Jacy-Paraná, distante 86 quilômetros de Porto Velho transformou-se em um formigueiro humano. O preço dos imóveis explodiu tanto para locação quanto para venda, e aumentou proporcionalmente a quantidade de “inferninhos” e prostíbulos. Recentemente a reportagem do Rondoniaovivo flagrou um estabelecimento que atendia exclusivamente os trabalhadores de Jirau. A Polícia Civil também já começou a registrar um significativo aumento de ocorrências na região.

Enquanto isso, na zona urbana de Porto Velho centenas de ocorrências envolvendo traficantes são registradas diariamente. A grande maioria dos casos é de apreensão de pequenas quantidades de drogas e quase a totalidade é de “merla”, a pasta-base da cocaína que por ser barata, é a droga preferida das camadas mais baixas da população. Para quem não sabe, a Merla possui a mesma composição do crack, a diferença é que o primeiro é pastoso e o segundo é consumido em forma de pedra.

A merla é um subproduto da cocaína, composto por 70% de folhas de coca e os outros 30% por ácido sulfúrico, cal virgem, querosene e outros. É uma droga feita em laboratório (sintética), obtida através da adição de solventes à folha da coca, originando um produto de constância pastosa e de cor amarelada. Essa droga pode ser ingerida na forma pura ou misturada ao cigarro de tabaco ou maconha.

Rapidamente a merla é absorvida pelos pulmões, atuando diretamente sobre o Sistema Nervoso Central. Seus efeitos são bastante parecidos aos da cocaína, provocando a sensação passageira de euforia, bem-estar e energia. Os efeitos indesejáveis são de diminuição do sono, perda de apetite, redução de peso, psicose tóxica, alucinações, delírios e confusões mentais.

O usuário de merla geralmente apresenta a ponta dos dedos amarelada, olhos avermelhados, lacrimejados e irritados, respiração difícil, tremores nas mãos, irritação e inquietação. Após o período de êxtase, começam os sintomas de profunda depressão, alucinações e uma grande sensação de medo. Em virtude da maior busca pelo prazer e para tentar “sair” da situação de depressão, o usuário procura maiores doses da merla ou outra semelhante, criando um ciclo vicioso.

O uso da merla é relativamente fácil de ser identificado, pois a droga é consumida por 80% de rapazes e 20% de mulheres entre 16 e 18 anos. Infelizmente, o tratamento para dependentes da droga é difícil, pois a abstinência da merla leva cerca de 20% dos usuários ao suicídio. As informações são do Mundo Educação.

Problema vai se agravar

Devido a falta de políticas eficazes no combate ao consumo e tratamento de dependentes químicos, o problema deverá se agravar de forma alarmante nos próximos anos. Com a crescimento populacional, aliado a falta de oportunidades para os jovens, o consumo deverá crescer sem obstáculos e isso gera também o aumento da criminalidade. Ocorrências de furtos, assaltos a residências e homicídios tendem a aumentar. Essa é uma previsão que se tornou realidade em diversos estados e a tendência natutal da sociedade é não enxergar o problema. De acordo com especialistas, a população só atenta para a gravidade do caso quando ocorre uma incidência no seio familiar. Centenas de tragédias poderiam ter sido evitadas e ainda podem, se os governos municipal, estadual e federal começarem a agir de forma contundente contra essa praga.

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