Fossem poucas as dificuldades que as classes menos aquinhoadas enfrentam na sua luta diária pela sobrevivência, a elas ainda são acrescentadas outras, facilmente evitáveis.
Pressionados pela majoração sucessiva dos artigos de primeira necessidade, enquanto os reajustes salariais não conseguem acompanhar o ritmo acelerado das maquinetas dos supermercados, os mais pobres vão sendo empurrados para uma situação de completo desespero.
Mesmo aqueles que se acostumaram a ver no governo (nos três níveis de poder) o ente salvador, de quem esperam (e, na maioria das vezes, decepcionam-se) milagres ou soluções consistentes para seus problemas, acabam, pouco a pouco, perdendo o ânimo e admitem apenas vegetar. Difícil, assim, consolidar-se no espírito dos indivíduos o verdadeiro sentimento de cidadania.
É bem verdade que os problemas que atingem à população e impõem exercício criativo ao poder público são complexos e envolvem múltiplas causas. Inadmissível, porém, são as ações que mais agravam as dificuldades e aprofundam a crise.
Entretanto, não são poucas as manifestações que revelam a total apatia de certos dirigentes públicos, nem essa se exerce de modo a deixarem isentos dos malefícios os mais necessitados.
A questão do sistema de transporte coletivo encaixa-as como uma luva. Cansado de pagar uma das tarifas mais caras do país, o portovelhense sente que, dia a dia, piora a qualidade dos serviços. Quando não são carros velhos, chegando a colocar em risco a vida dos passageiros, são veículos conduzidos por motoristas e cobradores que não têm o menor respeito pelos usuários.
Somem-se a isso as crescentes dificuldades decorrentes da redução da frota, especialmente nos feriados e finais de semana. Por conta isso, o usuário é obrigado a andar mais apertado do que sardinha em lata, numa cabal demonstração de descaso para com a vida de adultos, crianças e idosos. É esse o “novo jeito de governar” do prefeito Roberto Sobrinho (PT).
Ontem, à noite, a Câmara Municipal de Porto Velho, por solicitação do vereador José Wildes, do PT, entregou uma Moção de Aplauso ao presidente da OAB-RO, advogado Hélio Vieira, pelo trabalho que a ordem vem realizando em defesa da cidadania.
Interessante, portanto, se a instituição deflagrasse uma campanha para acabar com o monopólio do transporte coletivo, indo até os tribunais, se fosse o caso, com vistas a melhorar a qualidade do atendimento e, destarte, diminuir o sofrimento da população. Eis aí uma boa causa, à semelhança de tantas abraçadas e bem-sucedidas pela OAB-RO.