O Hospital Infantil Cosme e Damião (HICD) realizou, dos meses de janeiro a abril, deste ano, 21.502 atendimentos. Segundo os dados da unidade quase a totalidade destes serviços, considerados de baixa complexidade, deveriam ser feitos pelos postos de saúde e policlínicas de Porto Velho. Em 04 meses o hospital atendeu 20.447 crianças da Capital. O volume representa 95,9% dos atendimentos. Os 4,6% restantes são referentes a 1.055 pacientes encaminhados, no mesmo período, pelos 51 municípios do interior e por outros Estados.
Os números mostram a falta de serviços básicos de saúde oferecidos pelas prefeituras e de forma acentuada pela Capital. O atendimento geral envolveu 1.239 internações, 2.753 observações e 17.510 consultas médicas. Segundo normas do Ministério da Saúde (MS) o governo do Estado é responsável pelas internações. A observação, quando o paciente fica menos de 24h00 no hospital, e as consultas médicas são obrigações das prefeituras. Do total geral de 20.263 consultas e internações, responsabilidade dos municípios, o HICD atendeu 19.346 crianças da Capital e apenas 917 dos outros 51 municípios.
“Isso é inaceitável. A capital deixou de atender quase 20.000 crianças doentes. Isso precisa ser resolvido. O Estado está fazendo o trabalho da prefeitura. Essas quase 20.000 crianças e recém-nascidos foram atendidas prontamente pelo governo do Estado. Por isso volto a frisar, para a prefeitura é fácil fazer saúde assim, pois de fato quem faz é o Estado. Espero que a administração municipal saia dessa lentidão administrativa e comece a trabalhar pelo setor e pare de empurrar responsabilidade para outros gestores”, explicou Milton Moreira, secretário de Estado da Saúde.
É fácil dizer que atendem 70% da população, difícil é atender - O número de atendimentos provenientes de Porto Velho é considerado altíssimo, pois a unidade é responsável pelos atendimentos de alta complexidade. Como exemplo, muitas crianças são levadas à unidade por casos de viroses e nebulizações ou para realização de pequenas suturas, utilização de sonda e até um simples curativo. O HICD ainda atendeu 99 pacientes vindos dos Estados do Amazonas, Acre e Mato-Grosso. Os números mostram que a prefeitura de Porto Velho quer mesmo é que o Estado faça a obrigação deles. É fácil dizer que eles atendem 70% da população da Capital. Difícil é atender. Onde está o serviço básico municipal para crianças? Onde estão os leitos infantis do município? A prefeitura não está fazendo a obrigação dela, perguntem as milhares de mães que nós atendemos. Muitas delas nem procuram mais os postos de saúde de Porto Velho, se dirigem direto pro Cosme e Damião. Sabe porque? Pois aqui, mesmo com todas as dificuldades, atendemos 100% dos pacientes”, afirmou a médica Marileni Penatti, diretora geral do HICD.
Prefeitura reconhece incapacidade de atendimento - Na última semana a prefeitura da Capital divulgou que as policlínicas e postos de saúde atendem 70% da população. Segundo o IBGE, em 2007, Porto Velho tinha 369.345 habitantes. Desse total 30%, o que representa 110.803 pessoas, está reconhecidamente sem atendimento em saúde por parte da administração municipal. A obrigação, segundo o Ministério da Saúde, é de que o município tem que atender 100% da demanda de baixa complexidade. Ao mesmo tempo o Estado anunciou que vai investir 110 milhões de reais em estrutura de atendimento. Serão 35 milhões de reais na ampliação do HB e na reconstrução total do Cosme e Damião e da POC. Também serão investidos 45 milhões de reais em equipamentos para as unidades do Estado. O governo também retomou as obras do Hospital Regional de Cacoal (HRC). O investimento no HRC é de 35 milhões de reais.