Freqüentemente, a imprensa tem sido acusada de divulgar “inverdades, calúnias e infâmias contra instituições, políticos, autoridades e dirigentes públicos. Atribui-se, assim, ao jornalista, (colunista, articulista ou colaborador) a triste sina de propalar boatos e, não raro, disseminar, no seio da sociedade, informações que não correspondem à realidade.
Sexta-feira (26.12.08), à tarde, por volta das 17h, estava eu conversando com os candidatos a vereadores recém-diplomados, Elis Regina e Cláudio da Padaria, além de uma servidora municipal, que pertence ao quadro da prefeitura de Porto Velho, na ante-sala do plenário, após o término da sessão.
De repente, chegou o presidente da Associação dos Procuradores do Município de Porto Velho (APROM), Ranilson de Pontes Gomes, o qual, sem pedir licença, foi logo esbravejando: “pô, Valdemir, sacanagem o que você escreveu sobre os procuradores, dizendo que a gente ganha vinte e oito mil reais. As coisas não são bem assim. Faça um artigo, explicando a real situação por que passa a categoria”. E por aí foi.
Inicialmente, julguei tratar-se de manifestação de puro corporativismo. Mesmo assim, dispus-me a ouvir as lamúrias do presidente da APROM, em companhia das pessoas citadas. Logo, o presidente danou-se a criticar e acusar à administração do prefeito Roberto Sobrinho de praticar uma série de irregularidades, dizendo, inclusive, possuir documentos comprovando o teor das denúncias.
Ao final do desabafo, perguntei ao presidente, pela terceira e última vez, se podia publicar o que ele acabara de afirmar. De chofre, Ranilson respondeu: “não só pode como eu assino embaixo”. Disse-lhe, então, que não era preciso. Afinal, as declarações foram proferidas em público.
Agora, como que acometido por um surto amnéstico, vem o presidente da APROM, por meio de um direito de resposta extrajudicial, publicado em alguns jornais eletrônicos, tentar, inutilmente, desqualificar o conteúdo de minha mais recente colaboração, intitulada “presidente da APROM ameaça detonar administração Sobrinho”, intimidando-me com a adoção de “medidas judiciais”.
Estou aguardando as providências judiciais, que o presidente prometeu adotá-las contra mim, para ratificar, em juízo, o que me foi dito por ele. Elis Regina já se colocou à disposição para, se preciso for, depor, como testemunha.
E mais: garantiu que, tão logo a Câmara Municipal reabra suas atividades parlamentares, vai convocar o presidente da APROM para prestar esclarecimentos à Casa e, de quebra, requerer cópias da documentação “comprometedora” que ele afirmou ter contra a atual administração.
Deplorável, sob todos os aspectos, a conduta dúbia do presidente da APROM. Lamentavelmente, há pessoas que se dizem democráticas, mas que não praticam a democracia na sua essência e na sua objetividade, e que buscam nela apenas salvaguardar privilégios pessoais. É claro que, a essas, o exercício democrático de uma imprensa livre, incomoda.