Um grupo de trabalhadores de Humaitá (AM), que foram demitidos pela EFER Construtores Associados LTDA -- empresa contrata pela Ancar para atuar nas obras do Porto Velho Shopping - reclamaram nesta terça-feira (30) que estão sofrendo humilhações e descasos por parte de funcionários. Eles também dizem que desde domingo estão na cidade a fim de receber o dinheiro referente à rescisão do contrato de trabalho, e que até o momento a empresa não cumpriu o pagamento.
Durante a manhã, os trabalhadores se aglomeraram na porta da sede da construtora, localizada na Avenida Rio Madeira, ao lado do shopping. Eles acionaram a liderança do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil no Estado de Rondônia (STICCERO) para interceder por eles junto à empresa, já que, segundo esses trabalhadores, desde a demissão ocorrida no dia 18 deste mês, vêm sendo tratados com indiferença e descaso por parte de membros da empresa.
De acordo com Edmar Vieira, quando a empresa os demitiu marcou para virem receber o dinheiro no último domingo, dia 28, mas que até então, eles não receberam e estão tendo que se submeter à maus tratamentos, já que não possuem recursos para retornar à Humaitá. “Eu até achei estranho eles marcar para nos pagar num dia de domingo, mas a gente veio assim mesmo, e até agora nada!”, disse Edmundo ainda desabafando: “Mas, o pior de tudo é a humilhação que agente ta passando. É humilhação até na hora de comer. Um funcionário disse que a comida é para o pessoal que tá trabalhando, e para nós de Humaitá é só o que sobrar”.
A realidade de Edmundo reflete a da maioria dos demitidos. Ele tem 33 anos, mas já é pai de seis filhos. Veio em grupo de barco pelo Rio Madeira, cheio de expectativas positivas, visando, segundo ele, uma renda melhor para manter a família. “Somos pobres, mas somos gente. Teve colega aqui que foi até chamado de ladrão. Não gente! Somos pai de família, e a gente não merece ser tratado assim”, finalizou o cidadão Edmar Vieira.
ESCRAVISMO MODERNO
O representante dos trabalhadores nas indústrias da construção civil no Estado, Antônio Acácio Moraes do Amaral, manifestou indignação ante as denúncias e desabafos do grupo. “Temos aqui um tipo clássico de escravismo moderno. Isso demonstra uma agressão por parte da empresa ao estado de direito. Esses homens de bem; pais de família estão aqui praticamente abandonados! E isso em pleno século XXI”.
DIÁLOGO
Na ocasião, o presidente do STICCERO quiz entrar com uma comitiva de trabalhadores até o escritório da empresa a fim de conversar com o responsável pelo departamento de recursos humanos. No entanto, foi impedido por ordem de superiores da mesma. Diante da impossibilidade, Antônio Amaral pediu para um funcionário avisar que estaria acionando a polícia, quando -- alguns minutos depois --, a segunda ordem foi que ele poderia entrar com apenas mais duas pessoas.