O governador Ivo Cassol já brigou com o Ministério Público, Tribunal de Contas, com sindicatos, instituições e organismos ambientais e dono de jornal. Agora, reascendeu uma rixa histórica com o Tribunal de Justiça de Rondônia, por conta de uma decisão daquela corte, que o condenou por suposta compra de votos. O imbróglio eleitoral acabou no Supremo Tribunal Federal.
Em passado não muito distante, ele peitou um grupo de deputados, acusando-o de cobrar-lhe propina para fazer passar seus projetos na Assembléia Legislativa. Astucioso, montou uma arapuca eletrônica para apanhar os vendilhões. E conseguiu.
Hoje, nada de braçadas pelos meandros da Casa, presidida pelo amigo pessoal e aliado político Neodi de Oliveira, o qual ajudou a eleger. A autoridade do homem é tamanha que, certa vez, chegaram a colocar, na fachada do prédio, uma faixa com os seguintes dizeres: “Assembléia Executiva”. Até o deputado Ribamar Araújo, do PT, acredita que tudo anda às mil maravilhas pelas bandas da ALE.
Depois de filmar os “deputados achacadores”, Cassol mandou o resultado da empreitada para o programa Fantástico, da Rede Globo. As gravações correram o país a fora e ajudou a Polícia Federal a desmontar um dos maiores esquemas de corrupção de que se tem notícia na história de Rondônia, a chamada folha de pagamento paralela, um duto usado por parlamentares, para canalizar recursos da ALE para suas contas particulares, por meio de servidores fantasmas.
À exceção de fatia expressiva do eleitorado rondoniense, que já lhe conferiu dois mandatos consecutivos de governador, difícil é encontrar alguém com quem ele ainda não tenha brigado, para fazer valer o que entende ser o melhor para o Estado de Rondônia. Nesse período, sepultou as esperanças de sindicalistas e, de quebra, levou muitos desafetos a beijarem a lona do ringue.
Semana passada, um representante da CUT, com assento no Conselho Estadual de Saúde, durante audiência pública, realizada na
Câmara Municipal, ameaçou processá-lo, se ele levasse para o hospital de Cacoal, parte do dinheiro a que tem direito o Estado, como produto da contrapartida oferecida pelo Grupo IMESA, responsável pela construção da usina de Santo Antonio, e deixasse a capital de pires na mão.
Assim é o governador Ivo Narciso Cassol, ou, simplesmente, Cassol, um administrador que parece gostar de desafios e um cidadão que se não intimida diante de adversários. Quanto mais complicada se lhe apresenta a situação, mas se sobressai à figura do político.
Talvez, por isso, Cassol esteja sempre na berlinda. Não é à toa que o seu nome vem sendo lembrado, com freqüência, para concorrer a uma cadeira no Senado Federal, em 2010, ao lado do cada vez mais forte candidato à reeleição Waldir Raupp.
Há pouco, uma instituição educacional, sediada no próspero município de Vilhena, concedeu-lhe o título de Professor Honoris Causa. Foi o bastante para que seus adversários deitassem-lhe o látego nos costados. Seus aliados, correligionários, admiradores e simpatizantes, é claro, responderam à altura, enaltecendo a sua habilidade política e a capacidade administrativa de superar obstáculos e emergir das cinzas, quando menos se espera.
Nada disso, porém, parece incomodar Cassol, que continua com a popularidade em alta no conceito de muitos rondonienses. Na capital, é venerado por demitidos (e seus familiares) do governo Bianco, recontratados em sua administração. Alguns, lamentavelmente, morreram antes. Não resistiram à pressão dos fatos.
No interior, onde costuma encarnar o estilo “Teixeirão” de administrar, colocando o saco de sementes nas costas e o entregando ao produtor, ou, então, pegando no volante da máquina e mostrando ao operador como quer a espessura do asfalto, Cassol é respeitado e admirado. Prova disso é que colocou o braço no ombro de Expedito Junior e o fez senador da República. É olhe lá se não emplacá-lo governador, em 2010. Ou a deputada federal Marinha, numa dobradinha com Raupp para o Senado. Aí, vão matar a pau os (...).