O professor José Marques de Melo, fundador da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), vai presidir a comissão, criada pelo Ministério da Educação, que vai estabelecer novas normas e diretrizes curriculares do curso de jornalismo. A pedido do ministro da Educação, Fernando Haddad, ele aceitou o convite.
José Marques disse que a comissão será formada por especialistas, professores e profissionais da área. “É preciso formarmos uma comissão com representatividade nacional, que tenha participação ativa no processo de elaboração das diretrizes."
Durante 90 dias, adiantou Marques de Melo, a comissão vai diagnosticar os problemas do curso de jornalismo. “A primeira coisa a ser feita é analisar as grades curriculares do curso em todas as instituições de ensino. Além disso, relatórios e denúncias que se encontram parados no Ministério da Educação serão analisados para verificar quais são as falhas e as necessidades do curso”, explica.
“O processo de informação mudou muito, do ponto de vista histórico, em 1947 quando foi implantado, em São Paulo, o primeiro curso de jornalismo, no Brasil, não existiam laboratórios modernos. Hoje a modernização dificulta o aprendizado teórico, sem contar em algumas instituições que não têm recursos para modernizar seus laboratórios”, completa.
Em seis meses, José Marques quer implantar as novas mudanças no curso, como a dupla graduação, que já vem sendo proposta pelo ministro da Educação.
Segundo o presidente da comissão, é importante verificar que tipo de formação os profissionais estão tendo, pois a informação circula muito rápido na sociedade e é preciso respeitar os direitos do cidadão. Um dos fatores que preocupa Marques de Melo é a falta de integração entre mercado de trabalho e estudante. “Deveria haver uma presença maior de estagiários nas redações e empresas para o aperfeiçoamento do profissional”, disse.
Outro ponto a ser analisado pela comissão é a qualificação dos professores. De acordo com Marques, há dois tipos de professor, aquele que se forma e já começa a lecionar e o outro é aquele que se forma e entra no mercado atuando em uma redação, na televisão ou na produção de um programa de rádio. Ou seja, tem experiência profissional. “É preciso professores experientes e aptos a ensinar teoria e prática”, ressalta.