Unir quer saber como e por que ribeirinhos contaminados por mercúrio estão saudáveis - Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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Por Paulo Queiroz 1 – CIÊNCIA EM BARCO O homem, a embarcação e o meio ambiente. Ninguém é capaz de imaginar quando as estrelas viram estes três elementos reunidos pela primeira vez na face da Terra. Quando Noé salvou a espécie humana e toda a vida animal da fúria divina manifestada no aguaceiro exterminador, o conhecimento sobre navegação já havia avançado horrores, porquanto não seria uma catraia qualquer para dar conta da empreitada. Num mergulho às origens, tudo que se pode supor é que, se Darwin estiver certo, a ancestralidade humana já teria aprendido a pensar quando subiu num tronco para se transportar de uma margem a uma árvore carregada de frutos maduros situada na outra, porquanto não há registro de que os parentes irracionais mais próximos sejam capazes de usar um meio flutuante para dirigi-lo de um ponto a outro desejado. Agora é o homem, a embarcação, o meio ambiente e a ciência – a filha mais dileta e conseqüência derradeira daquele longínquo e indeterminável momento em que a humanidade descobriu-se pensante. Em que importe a objetividade do texto e a justeza dos propósitos, não deverá ter sido apenas por conta dessas qualidades que, concorrendo com 1 mil 232 propostas, o projeto de pesquisa “Barca da Ciência” (proposta de divulgação dos resultados de uma pesquisa científica entre ribeirinhos do Madeira), dos professores Ari Miguel Teixeira Ott e Walterlina Barbosa Brasil, da Universidade Federal de Rondônia (Unir), terminou aprovado para financiamento pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Fácil não foi, porque daquelas mais de mil propostas apenas 58 restaram selecionadas pela Diretoria Executiva do CNPq em todo o país. O que, no entanto, torna mais meritória a proeza é o fato de que, dos 58 projetos contemplados no país, a região Norte logrou aprovar apenas quatro. E numa época em que as infovias devassam os recônditos mais ermos do planeta transportando a informação, quando a ciência vai de barco não é para homenagear a memória ancestral. 2 – CICLO COMPLETO Vai assim porque levar ciência para o meio ambiente de onde, normalmente, ela é extraída – em especial esta ciência que de barco estará indo – exige preparação diferenciada. Atenção, por exemplo, com o tratamento dado ao saber que aí vai ser levado - como explicam os autores do projeto. “Especial cuidado será adotado quanto à linguagem: nem tão hermética que impossibilite a compreensão, nem tão vulgar que infantilize a informação.” Mas afinal, de onde parte e para onde vai esta barca e de que trata tal ciência posta aí em seu convés? Com a palavra, os professores Ari Ott e Walterlina Brasil. Som na caixa! “Trata-se de projeto de divulgação dos estudos realizados pela Unir - sobre contaminação por mercúrio - entre escolares de localidades ribeirinhas do Rio Madeira e seus afluentes. Estes estudos foram iniciados em 1986 e ao longo de mais de 20 anos a população tem sido tomada como objeto das pesquisas, fornecendo matrizes biológicas (cabelo, sangue, urina, fezes e leite humano), ou respondendo a entrevistas e questionários os mais diversos.” “Em busca da objetividade os pesquisadores interferiram no cotidiano destas pessoas, sentando à mesa e pesando a quantidade de peixe que cada membro da família consumia no almoço e no jantar. Entretanto, elas não receberam informações qualificadas em troca, preparando-as para lidar com a contaminação por metil-mercúrio.” “Assim, em um barco especialmente preparado, serão apresentadas informações científicas sobre o atual estágio do conhecimento e as hipóteses que se apresentam para a continuidade das pesquisas a 630 estudantes das 6ª a 9ª séries do ensino fundamental e das três séries do ensino médio nas localidades de São Carlos, Nazaré, Santa Catarina, Lago Cuniã, Demarcação e Papagaios. Além disso, os alunos poderão compreender a produção do conhecimento sobre contaminação por mercúrio, participando de um ciclo completo, desde a coleta de matrizes e sua preparação até a obtenção de resultados e sua significação científica.” 3 – PROTEÇÃO CURIOSA “No momento, sabe-se que as pessoas que vivem às margens do Rio Madeira e seus afluentes, e que têm no peixe a principal fonte protéica, apresentam índices de contaminação por metil-mercúrio muitas vezes superior aos que são considerados como suportáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas, curiosamente, não apresentam qualquer sintoma ou sinal de distúrbio ou transtorno neurológico, renal, muscular, ou de qualquer outro sistema. A hipótese mais provável, atualmente em teste, é que o consumo de altas doses de selênio presentes na farinha de mandioca e na castanha-do-brasil, cria uma “barreira de proteção”, impedindo danos aos órgãos e sistemas.” “O parceiro da Unir no projeto é a Secretaria Municipal de Educação (Semed), através da Divisão de Ensino Rural (Dier), responsável pelo oferecimento da educação formal nas localidades em questão. Os alunos são formalmente matriculados na Escola Henrique Dias, situada na localidade de São Carlos, embora estudem em pequenas escolas nas suas próprias comunidades. Na qualidade de órgão gestor da educação a Semed terá total envolvimento com o projeto, que já foi formalmente apresentado à sua direção recebendo o “de acordo”. Ela será responsável pelo controle da presença dos alunos à Barca da Ciência, bem como pela aplicação do módulo reflexão.” “Os alunos serão acompanhados por monitores, estudantes dos cursos de graduação de Biologia, Química e Medicina da Unir, especialmente treinados para a atividade. A supervisão ficará sob a responsabilidade de um graduado, mestrando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, sob orientação do Coordenador deste projeto, especialmente selecionado para analisar o impacto do projeto. As análises serão feitas com acompanhamento de professores e técnicos do Laboratório Wolfgang Pffeifer de Biogeoquímica, vinculado ao mestrado em Desenvolvimento Regional da Unir. Além disso, os professores de ciências da rede municipal de ensino estarão engajados no projeto, recebendo treinamento próprio.” É isso.
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