A presente crise administrativa por que passa o governo do prefeito Roberto Sobrinho, para a qual ainda não foi encontrada, até o momento, a fórmula ideal, chegou ao seu ápice no início desta semana, com a discussão do reajuste salarial de servidores do quadro de provimento efetivo.
Entre acusações, achincalhes e ironias, secretários e lideranças sindicais bateram boca em público, cada um defendendo conceitos e sugestões as mais díspares, o que acabou aumentando a confusão na cabeça de muita gente.
Horas antes de votar, contudo, alguns parlamentares são sabiam, decerto, que caminho escolher, dada a dubiedade das informações. Sindicalistas defendiam uma proposta, enquanto assessores de Sobrinho, outra.
O imbróglio estava formado. Em vez de contribuir para a normalização da difícil situação municipal, tendo com fito básico os legítimos interesses dos servidores, muitos acabaram embolando o meio de campo.
Cada qual se supunha depositário da verdade e, assim, questionava as suas ideais, esquecendo-se de que os excessos comprometem as virtudes.
No final, ficou comprovado que o radicalismo não é a solução. O adequado, desde já, é passar uma borracha na força ilusória das convicções erradas e compor uma síntese dos direitos e das prerrogativas da categoria, desobstruindo o caminho que a todos levará à saída do túnel.
Os problemas agudos que, desde há muito, angustiam os que prestam serviços à municipalidade, nos mais diferentes setores da administração, não podem ficar presos apenas na moldura do número de associados dessa ou daquela entidade sindical, mas serem avaliados por uma pauta de reivindicações concreta e executável.
Neste momento tumultuado da vida municipal, com o prefeito Sobrinho de pés e mãos atados aos grilhões da incompetência, prevaleceu a coerência da maioria sobre os interesses subalternos da minoria
Pelo menos nesse aspecto, Executivo e Legislativo mostraram que estão sintonizados, à altura do momento difícil que atravessamos.
Reconhecidamente, não são apenas os servidores da saúde que estão com seus vencimentos defasados, muitos, inclusive, recebendo suplementação salarial, mas a grande maioria do funcionalismo.
Entretanto, a noite foi mesmo do Sindicato dos Servidores da Saúde do Município de Porto Velho. O presidente Cleveland Heron não conseguiu arrancar de Sobrinho a aprovação do PCCS, como desejava, mas mordeu 10% de aumento para a categoria.
A demagogia e as eventuais pretensões políticas, que não ecoam além das fronteiras da mediocridade e da desinformação, precisam ser colocadas de lado, assim como o espírito ditatorial e a prepotência de Sobrinho e de muitos que o cercam.
Os servidores, de todos os matizes, precisam lutar pelos seus direitos, sem, contudo, ferir os da sociedade, mas com equilíbrio e harmonia, para que se não tenham seus sonhos frustrados.