A denúncia de eventual fraude no vestibular realizado pela Universidade Federal de Rondônia revela, claramente, o grau de putrefação moral que corrói as estranhas da sociedade, nos mais diferentes setores da atividade humana.
Em sendo verdade a denúncia de que candidatos de outro Estado ter-se-iam beneficiado de instrumentos que não encontram supedâneo na lei nem na racionalidade para lograrem êxito na disputa, não há dúvida de que não somente o certame estaria comprometido como também a imagem daquela instituição de ensino superior.
Além disso, não seria a primeira (nem a derradeira) vez a ocorrência de fraude envolvendo um vestibular, sem que as providências legais tenham sido adotadas, com a conseqüente punição dos possíveis responsáveis e beneficiados pela pantomima.
A comercialização de diplomas e de gabaritos, a falsificação de documentos e declarações sobre fatos inverídicos, dentre outras patranhas, estão na ordem do dia.
Não se diga, porém, que esse seja o caso da Unir. Nada disso! Mas há algo de muito estranho envolvendo o vestibular deste ano, que preciso ser esclarecido à sociedade, especialmente aos que postularam uma cadeira no concorrido curso de medicina.
Não são poucos os que ainda acreditam, cegamente, que a universidade pública constitui parte destacada do contexto e que, por isso mesmo, jamais se deixará entranhar pelos pecados que norteiam outros organismos. Ledo engano!
Reconhecidamente, ainda há aqueles que não aprenderam a distinguir a excelência da escola pública de outrora, da mediocridade que ela é hoje.
As verdadeiras causas dessa deterioração são bastante conhecidas, sobretudo por professores e alunos e servem para esclarecer o péssimo desempenho das universidades, destacando-se dentre elas a falta de recursos governamentais para a implantação de pesquisa científica e tecnológica, os baixos salários pagos a professores, mestres, doutores e cientistas, o que vem obrigando muitos a deixarem o país, além da carência de uma política educacional séria.
À crescente perda da qualidade da educação, sobretudo no campo universitário, ajunta-se a derrubada de valores éticos e morais, com os quais ela sempre esteve aparentemente comprometida.
Hoje, o ensino superior foi reduzido a um simples negócio lucrativo, tornando-se, assim, terreno fértil para manobras e atos ilícitos. Há exceções, é claro. Pouquíssimas, mas há.