Momento Lítero Cultural XXXII

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Momento Lítero Cultural  XXXII

Foto: Divulgação

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*- SELMO VASCONCELLOS - Porto Velho, RO. Poeta, cronista, contista, antologista, divulgador cultural e editor da página literária impressa semanal “LÍTERO CULTURAL”, desde 15.agosto.1991, em parceria com o saudoso amigo/irmão/escritor José Ailton Ferreira “Bahia”, falecido em 21 de setembro de 2005, no jornal Alto Madeira.Com cerca de 1450 colaboradores no Brasil e mais em 35 países. Obras publicadas (poesia e prosa): REVER VERSO INVERSO (1991), NICTÊMERO (1993), POMO DE DISCÓRDIA (1994), RESQUÍCIOS PONDERADOS (1996) e LEONARDO, MEU NETO (antologia,2004). Livretos independentes (poesia): MORDE & ASSOPRA e suas causas internas e externas (1999), DESABAFOS em memória de ROY ORBISON (2003), Revista Antológica “Membros da Galeria dos Amigos do Lítero Cultural” (2004) e poesias traduzidas para o francês, inglês, alemão, italiano, japonês, russo, grego chinês, polonês e espanhol. www.selmovasconcellos.zip.net. *MARCOS SOUZA, PARABÉNS PELO SEU ANIVERSÁRIO, MUITA SAÚDE, PAZ, LUZ E NOTÍCIAS BOAS NO LAR E NO TRABALHO. *- *SELMO VASCONCELLOS *- *############ *MÔNICA DE CATELLA *Ano Novo *- *Mas, o que é o calendário? *Uma coleção de lendas? *Um espaço para o imaginário? *- *O homem passeia no tempo, *mas não sabe onde ficar. *Se adivinhasse o futuro, *faria o tempo parar. *######## *CAROLINA SALCIDES *DEVORANDO A VIDA *- *Hoje e amanhã *O meio termo já não me satisfaz. *Nem pessoas máximas vazias *Nem as ínfimas cheias de mais. *Se por isso me sentencias *Se não me compreendes mais *Digo-te novamente: *É a essência que busco! *Um coração cheio de gente *E não gente cheia de razão. *Quero a carne o osso, a alma *Quero tudo intensamente. *Quero dessa louca vida calma *Desde o fruto *Até a semente! *############ *LUIZ FERNANDO PRÔA *INFÂMIA *- *'um olhar cínico *descarta a verdade *como a lâmina fina *recorta a pele *o que dói mais? *a ferida que arde *ou a infâmia que fere?' *############## *TERE PENHABE *Paz *- *Eu ainda creio *em toda paz e amor *que resiste no coração do homem! *- *Eu ainda vejo *uma esperança que se eleva *na sublimidade de alguns gestos do homem! *- *Eu ainda sonho *com o mundo envolto pela paz *entoada em hino de louvor por todos os homens! *- *Eu ainda espero *ver um sorriso tranqüilo e suave *em todos os rostinhos de crianças do mundo! *- *Eu ainda luto *para tocar os corações que se afastam *dificultando a disseminação da paz entre os homens! *- *Eu ainda espero *que um dia o meu poema seja curto *dizendo pura e simplesmente ao mundo: *- *Há paz, finalmente! *############## *LEINECY PEREIRA DORNELES *ESPERANÇA *- *Quero sonhar... *Ouvir o som das cordas. *Livre dos trovões, *Límpido e branco. *Quero poder olhar *Nos olhares profundos, *De alguém que me ame. *Quero aprender a cantar... *Cantar canções calmas, *Ouvir o som... no ruído da flauta. *Quero aprender a esculpir, *Esculpir na madeira, *O meu sentir. *Quero perder-me nos sentidos do outro. *Perder-me no tempo... *Largar-me no espaço, *Com a alegria de uma borboleta. *Quero encher-me de cores *E seguir o ritmo das asas, *Dos olhares, das canções. *Quero que mãos me guiem, *Que me sigam. *Quero aquecer-me descontraída e leve *Num sentimento macio. *Quero correr pelos campos verdes, *Voltar a ser criança, *Virar cambalhotas *No espaço vazio e colorido. *Quero abrir os olhos e os ouvidos. *Quero descruzar as mãos, estender os braços, *Rasgar um sorriso na boca, *E abraçar todo o mundo, *Levando sempre comigo *Uma mensagem de Esperança, *E muito Amor. *Quer *################ *JACKSON RUBEM *O CÂNTICO *- *O burocrata *Canta *Feliz *Com o monte de árvores *Em cima da sua mesa *Escritas *Leis *Códigos *Mandamentos *Controle *A mente *Do ser humano *Perde-se *Entre o faça *E o não faça *Até que um dia *Ele pare *E reflita *E grite bem alto *Para o universo inteiro ouvir *Chega de mandamentos! *################ *KATIA DRUMMOND *A ALMA DISCORDA E O CORAÇÃO SANGRA *- *Ah... esse mordaz e algoz sentimento *Que me aprisiona em vil tormento *De ver a vida sempre desnudada *E a natureza humana revelada *Em cada ser virado pelo avesso *E que pressente o fim desde o começo. *- *Ah... esse desvairado pensamento *Que antecipa a síntese do tempo *Enquanto rasga a vida por inteiro *E fere a alma num golpe certeiro *A revelar caminhos e atalhos *Cortando o corpo enquanto sopra os talhos. *- *Ah... esse mundo traído e traidor *Que esconde atrás da porta a própria dor *Que atraca além do porto os seus navios *Negreiras naus de náufragos sombrios *Pássaros pretos em vôos sem destinos *Afogando seus sonhos peregrinos. *- *Ah... essa alma que vê e não perdoa *Pois não há que perdoar o que lhe doa *Essa alma delicada que discorda *E que desata o nó que amarra a corda *Que aviva o fogo e faz crescer a chama *Enquanto o coração, sangrando, ama. *- *Em inverno português. Sintra 2006. *############# *ABEL SIDNEY *as palavras ficaram presas na garganta *- *mas a moça não se conformou: *ativista a favor da liberdade *dessa liberdade plena de expressão *desejou lutar por todos os meios *e se preciso fosse *levantaria na rua cartazes *com frases retumbantes – *- *“solte da garganta *todas as palavras, angústias, *sussurros, gritos *mesmo que desconexos, aflitos!” *- *antes que pudesse, porém *mesmo imaginar a multidão *a percorrer as ruas em romaria *percebeu junto de si, ao lado *gente a gemer surdamente *escondendo em meio à rotina *o que lhe ia preso ao peito, *descobrindo então uma *vasta geografia que *se estendia da garganta *ao peito, ao coração *e se suspiros ainda havia (e se ouvia), *mesmo que contidos, abafados *quem ditava o ritmo era o pulmão, *em lenta e arrastada respiração. *- *ainda que pudesse dar a mão *aconchegar e tomar o pulso *de nada adiantaria se *fosse em busca de posologias *e meios de cura *se tudo estava ali *preso na garganta *exigindo direta intervenção... *- *nada mais pensou, planejou *para dar curso à ação. *- *aconchegou o outro *ao próprio peito, improvisando um leito *vasto, acolchoado, de cetim *dizendo em clara e límpida voz *em tom livre, franco, direto: *- você não é peça, não tem defeito *e se desajustado possas estar *veja que aqui ao redor do meu peito *embora não seja tão largo e perfeito *há um campo de pouso *aberto e amigo *onde podes pousar de manso *todos os teus gritos *- *e enquanto despejas a quente ou a frio *todos teus segredos, o que levas escondido *sinta o pulsar deste coração que tenta *aprender do amar – em linhas menos tortas *-todas as artimanhas deste ofício *- *toma meu ombro, esquerdo ou direito *e deixe que flua do peito *todo o teu desejo de paz. *############ *MAXIMINIANO JOSÉ MORAES *MANIA DE TE QUERER *- *É lindo o que sinto por você... *E de maneira alguma eu quero te esquecer; *Você pode até procurar outro amor; *Mas sempre lembrarei do abraço que me deu calor. *Você pode ser insensível e durona, *Fazer o quê, se é você que meu coração ama. *Você pode até ter feito-me sofrer, *Mas meus melhores momentos eu vivi com você. *As pessoas podem até ter razão; *Mas prefiro ouvir meu coração. *E daí se você tiver me esquecido? *Agradeço a DEUS por você ter aparecido. *Dizem que sou louco por gostar de quem não gosta de mim, *Mas sei que jamais encontrarei alguém assim. *Muito me machuquei e até sofri, *Mas faria tudo novamente sem medo de outra vez me ferir; *Se eu encontrar você com outra pessoa... *Ok! Vou fingir que estou numa boa; *Dizem que me entreguei de mais! *Mas meu coração diz que sabe o que faz. *Vou procurar viver e dar mais risada; *Mas é claro, sempre lembrando de minha amada. *Meus amigos dizem: Firmeza! *E meu pensamento responde: Quero a mesma! *Acho que vou passear e curtir; *De quê adianta? Só ela me faz sorrir. *Lembro-me de quanto fui feliz. *Mas afinal, o que foi que eu fiz? *Eu era o seu namorado... *Por ela ainda sou muito apaixonado; *Ela foi o que eu sempre quis! *Sem ela sou tão infeliz. *E se ela estiver com outro? *Hum... Preciso ver para crer! *Aliás, pensando bem... *Gosto muito dessa minha mania de te querer. *################ *HUMBERTO OLIVEIRA *Mais uma vez adeus *- *Não era para ser assim *De repente tudo terminado *Nosso amor chegou ao fim *Não me sinto mais amado *- *A tristeza em meu peito *Traduz minha aflição *Não existe amor perfeito *Tudo não passou de ilusão *- *Mais uma vez adeus *Mais uma vez sozinho *Longe dos olhos seus *Longe do seu carinho *Mais uma vez solidão *Mais uma vez a certeza *Do vazio e da tristeza *Em meu coração *############### *BÁRBARA LIA *Lição nº 1 *- *A folha de uva *me ensina mais que as teorias. *O olhar do garotinho mestiço *do terceiro andar. *Yáyá do 607, com suas palavras- *arnica curando minha alma esfolada, *entre chás e sorrisos... *Uma marmota na TV, olhar astuto, *dorso estirado de manequim... *Também me ensina a ser zen, *o desenho oriental em tinta nanquim. *Sinfonia & chuva & *epopéia terna - um filme - *cenas que resgato dos cílios *do filho adormecido... *Um cem número de visões, sabor e sons, *que degolam as vãs teorias, *um livro humano que me ensina *a entender a vida. *############# *SANDRA RAVANINI *Absinto *- *Deitarei o sal que em mim existe *feito a lágrima que cai desse olhar, *e se for a dor que pranteia o pensar, *beberei a gota única que me assiste. *- *Entoarei a cada dia todas as sinas *que envergam os joelhos ao chão, *serei a voz que apunhala a ilusão *e não a lesão que ceifa a vindima. *- *Dos mistérios cruéis, a abjuração *e da ferida que sangra, o absinto. *No vazio da solidão, serei recinto *e no abismo escuro, darei a mão. *- *Da luz que invade e jaz incolor, *à candeia enganosa da aceitação, *se não houver sim, perdoa o não, *porque dos espinhos, serei o amor. *############### *EGISELDA B. CHARÃO *POESIA *- *Poesia *é o retrato da alma *extrato do sofrimento *alinhavos do pensamento... *- *Filamentos de angustias *que desprendidas *transitam *nos caminhos *intemporais *da memória. *- *Poesia *é canto, e quando brota *faz fluir toda a essência *guardada nos peraus do tempo... *- *Nasce carregando as ausências *e a lembrança tão remota *- *Silenciosa vem soltar *o tendão do pensamento, *tira as amarras do verbo, *liberta versos ao vento... *########## *MARIA SANTOS *ESQUECER O PASSADO *- *Num breve resumo da vida, *Onde tudo é do passado, *Revejo uma história meio perdida, *Que hoje, de mim apago... *- *Agora, sigo em frente, *A minha longa caminhada, *Apenas, valorizo o presente, *Sou mulher amada... *- *O Sol agora brilha, *E já espero por alguém, *Que me trás alegria, *Com o brilho que tem... *- *E o passado esqueci, *Não volto a recordar, *Para ele, morri, *Voltei a Amar... *########### *ANDRÉA PAOLA *Mãe natureza *- *Sinto o frio subindo pelas encostas ... *- *Deus não me ama mais *- *não pisa *não me alisa *não me toca *- *Há muito que me falta! *- *Minhas cordilheiras se arrepiam em Mo nu mentum! *- *Toda mãe precisa Ser *visitada pelo tempo *arada pelos dedos *semeada *Toda natureza precisa Ser *sêmen... *- *penetrada. *- *Sinto a terra fria e úmida *a escorrer pela face *- *Vejo *um conta gotas de grãos *a formar pequenos lagos de areia *logo abaixo *- *Sinto um q de abandono por aqui ... *- *A qualquer hora *não me agüento *- *desabo. *#######
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