A média de juros no cartão de crédito, especialmente no crédito rotativo, continua sendo a mais alta do país — e uma das maiores do mundo. Em 2025, segundo o Banco Central, as taxas podem ultrapassar 451,5% ao ano no rotativo. Já o parcelamento da fatura, embora menos agressivo, também pesa no bolso das famílias, com juros variando entre 180% e 200% ao ano. Esses números transformam o cartão de crédito no maior vilão do endividamento brasileiro.
Diante desse cenário, começou a valer uma mudança que promete aliviar o bolso dos consumidores: a dívida do cartão de crédito não pode mais ultrapassar o dobro do valor original da fatura não paga. A regra foi criada pela Lei nº 14.690/2023, regulamentada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco Central, e integra o programa Desenrola Brasil.
Como funciona o novo limite?
O mecanismo é simples:
Se o consumidor deixou R$ 500 pendentes no rotativo, a dívida — somando juros e encargos — não poderá ultrapassar R$ 1.000. Ao atingir esse teto, a instituição financeira deve parar de acrescentar juros e obrigatoriamente oferecer alternativas mais equilibradas de renegociação.
Fim do efeito “bola de neve”
A medida busca frear a escalada das dívidas que, até então, cresciam sem controle, transformando atrasos pontuais em verdadeiras armadilhas financeiras. Com juros tão altos no rotativo e no parcelamento da fatura, mesmo pequenas pendências se convertiam em compromissos praticamente impagáveis.
Segundo o Banco Central, o objetivo das novas regras é:
• trazer previsibilidade,
• evitar abusos,
• e reduzir o número de famílias presas em dívidas de longo prazo.
Mais transparência e sustentabilidade
A Lei 14.690/2023 faz parte de um esforço nacional para reorganizar o sistema de crédito, ampliando a transparência nas operações e fortalecendo mecanismos de renegociação. O governo e as entidades reguladoras afirmam que, além de limitar os juros, o conjunto de medidas busca incentivar práticas mais saudáveis no mercado financeiro.
O que muda para o consumidor
Com o teto imposto ao rotativo, a expectativa é que os brasileiros tenham mais condições de recuperar o controle das finanças, reduzindo a chance de que pequenas dívidas se tornem problemas permanentes. A regra também pode estimular uma revisão das práticas das operadoras de cartão, pressionando o mercado a oferecer condições mais justas.
A mudança representa um passo importante para enfraquecer um dos principais motores do superendividamento no país — justamente em um cenário onde os juros do cartão seguem em patamares historicamente altos.