Testemunhas dizem, também, que o agente teria mexido com a mulher do militar, atitude repreendida pelo tenente
Foto: Divulgação
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Um esbarrão teria motivado os disparos que tiraram a vida do tenente da Polícia Militar Herison Oliveira Bezerra, 38 anos. O crime ocorreu por volta das 3h desta segunda-feira (15/04/19) no Barril 66, às margens da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB). O acusado é o agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Péricles Marques Portela Junior 39. Ele foi preso em flagrante e confessou o homicídio, alegando legítima defesa.
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A esposa de Herison (foto em destaque) estava no local e viu o momento em que o marido caiu ferido no chão da boate. Ao jornal, a cunhada do militar contou a versão dada pela companheira do PM. “Segundo o que minha irmã me falou, o Herison esbarrou nele. O agente ficou revoltado e atirou”, contou Liry Rabello.
Outras testemunhas relataram que o agente mexeu com a mulher do militar. O tenente teria flagrado e repreendido a atitude do policial. Disse que ela estava acompanhada e pediu para o homem respeitá-la.
O oficial, que era lotado no 10º Batalhão de Polícia Militar (Ceilândia), levou três tiros – dois no tórax e um no abdômen. Ele chegou a ser levado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu aos ferimentos. Morreu por volta das 4h na unidade de saúde.
Câmeras de segurança da boate mostram o momento dos disparos. Nas imagens, é possível ver o policial militar passando em frente ao agente. Eles se esbarram e o policial civil saca a arma e atira. O PM chega a pegar a pistola, mas é alvejado antes.
Os disparos foram feitos por uma arma calibre .40. A esposa do PM quase foi atingida. Nas imagens flagradas pelas câmeras de segurança, ela aparece tentando socorrer a vítima, que deixa um filho adolescente.
O policial civil foi preso, levado para a 21ª DP e depois encaminhado à Corregedoria da corporação. Segundo a PCDF, Pericles Marques Portela Junior será autuado em flagrante por homicídio e lesão corporal. Depois, ficará à disposição da Justiça.
Chamados ao local, bombeiros informaram que o tenente foi levado inconsciente e com uma hemorragia grave ao HRT, onde acabou falecendo. A corporação ainda disse que a outra vítima – identificada como Andressani de Oliveira Sales, 39 – levou um tiro de raspão na coxa.
Cinco homens armados
No momento dos disparos, a boate estava lotada. O estabelecimento tem capacidade para 1,5 mil pessoas. Acionados pela reportagem, os responsáveis pela casa noturna não se manifestaram até a última atualização deste texto.
Um policial militar que atendeu a ocorrência contou que estava na viatura, perto da boate, quando ouviu os disparos. “Presenciamos muitas pessoas correndo, pulando a grade, as janelas. Tentamos ver se alguém estava armado, mas não vimos nada. Nos informaram que tinha um policial baleado no banheiro. Entramos e encontramos ao menos cinco pessoas armadas na boate, entre policiais civis e militares”, relatou o PM, que não quer ser identificado.
Ainda de acordo com ele, o tenente Herison estava deitado no chão, ferido, em estado grave. O Corpo de Bombeiros foi acionado e a equipe tentou localizar o atirador. “Uma testemunha afirmou que o suspeito estava saindo do local. Corremos, pulamos a cerca e conseguimos detê-lo. Ele ficou dizendo que ia se entregar, mas demos voz de prisão, pedimos a arma e o levamos para a 21ª DP”, contou o militar.
Amigo de profissão de Herison, o tenente Lino, também lotado no 10° Batalhão de Polícia Militar (BPM), falou sobre a convivência com o companheiro. “Uma grande perda para a família PMDF [Polícia Militar do Distrito Federal]. Policial atuante e proativo. Muito benquisto pelas lideranças comunitárias do Sol Nascente, onde atuava. Este é um momento difícil para a corporação, especialmente para os que conviviam diariamente com ele”, comentou o amigo.
Lino disse que Herison entrou em 2012 na corporação. Após se formar na Academia de Polícia, atuou por um ano em Sobradinho. Eles trabalhavam juntos há cinco anos, no 10° BPM. “Conduta exemplar. Era muito reconhecido pelo que desempenhava. Envolvido nas ocorrências mais complexas do nosso batalhão”, destacou.
De acordo com o tenente Lino, os familiares pretendem fazer o velório e o sepultamento do corpo de Herison ainda na tarde desta segunda (15/04/19). Eles aguardam uma irmã do policial chegar de viagem para a despedida.
Nota da PMDF
Em nota, a PMDF confirmou que Herison entrou na corporação em 2012 e concluiu o Curso de Formação de Oficiais três anos depois. Atuou no Grupo Tático Operacional do 10º Batalhão (Gtop 30), “com grande produtividade”.
Ainda segundo a PM, o policial foi homenageado na Câmara dos Deputados, no dia 14 de maio de 2019. Na ocasião, o tenente Herison tinha apreendido mais de 50 armas de fogo e recuperado 20 veículos, produtos de roubo e furto, em seis anos de profissão.
“A Polícia Militar se solidariza com os familiares e amigos neste momento de dor e perda de um grande profissional”, destacou a corporação.
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