Léo Vincey - Porto Velho, RO - Entrevista

Léo Vincey - Porto Velho, RO - Entrevista

Foto: Divulgação

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BIOGRAFIA

 

Nascido e criado em Porto Velho, Rondônia, Luiz Carlos Silva Santos ( mais conhecido como Léo Vincey ), viu a cidade crescer. Passou a infância no Bairro Santa Bárbara, a adolescência e parte da vida adulta no Nossa Senhora das Graças, no Centro. No ano de 1988, começa a atuar na Educação. Em 1994, forma-se em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia - Unir.

 

Dono de uma voz potente e melodiosa, trabalhou na Rádio Cultura FM 109,7 (Hoje, Rádio Ativa FM 107,9), apresentando o programa romântico Primeira Classe. Em seguida, no Programa Muito Mais Cultura, em parceria com Linda Kozan, fomentou a cultura local, entrevistando e divulgando artistas da cidade.

 

Escrevendo desde os 19 anos, em 2008, publica poemas fortes e imagéticos, também crônicas e outros textos no Recanto das Letras. Ao longo dos anos, participou de diversos eventos de Arte e Literatura, Revistas, Jornais físicos e virtuais. Tem uma página no Facebook, A Invenção do Eu, e um blog, Poesia em Foco, onde publica trabalhos.

 

1ª participação na histórica página impressa Momento Lítero Cultural, jornal Alto Madeira, em 13 de Agosto de 1992 - M.L.C. Nº053, com a poesia “Arruinadamente”

 

 

ENTREVISTA

 

SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?

 

LÉO VINCEY – O valor que a palavra possui sempre me despertou interesse. A leitura de gêneros textuais variados sempre despertou em mim um interesse pelo poder que a palavra possui e sempre admirei a maneira como os textos eram criados e assim fui levado para o mundo da leitura , consequentemente a leitura de mundo se aprimora com a crescente leitura.Cheguei a pensar que poderia escrever e o fazia em gêneros diferentes, mas não tinha o hábito de guardar. Escrevia em cadernos , enquanto cursava o ensino superior e não os mostrava para ninguém. Perdi vários textos com o passar dos anos e incentivado por uma pessoa , a quem guardo gratidão eterna ( Soniamar Salin ) pelo apoio em vários momentos da minha vida literária , comecei a publicar vários gêneros textuais no Recanto das Letras e exclusivamente poesia no Blog Poesia em Foco. Somos rodeados de histórias e vidas e transcrevê-las para as páginas literárias é o melhor que podemos fazer para guardar as vidas que nos circundam como um tributo a elas. Ainda estou aprendendo nesse ofício e é um privilégio poder fazer ,estou treinando , todos podemos. Só sei que quando escrevo a sensação é de liberdade e leveza. Aventure-se.

 

 

SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados?

 

LÉO VINCEY – Até o momento já publiquei no Clube De Autores os livros O bebê no armário ( contos , cartas, crônicas ) e Amor, sublime amor ( poesias ).

 

 

SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesias?

 

LÉO VINCEY – Há um consenso de que o escritor é um homem do seu tempo , já dizia o grande mestre Machado de Assis , e como contemporâneos , muitas são as atmosferas que podem despertar o interesse do escritor para produzir poesias e com isso mostrar o olhar através do eu lírico questões como desigualdade social ,fome, miséria , racismo , opressão de todas as formas e toda sorte de mazelas na sociedade. Dessa forma , agindo de forma engajada e até produzindo poesias dos assuntos mais diversos.

 

 

SELMO VASCONCELLOS - Quais os poetas e escritores que você admira?

 

LÉO VINCEY - A lista é enorme e os demais que me desculpem, mas citarei alguns dentre tantos . Dos poetas contemporâneos Carlos Moreira, José Danilo Rangel, Rogério Bernardes e há os clássicos como por exemplo Machado de Assis , José Saramago , Lord Byron , Clarice Lispector ,Kafka , Vinícius de Moraes, Manuel Bandeira... Ah , tantos nomes e os recomendo.

 

 

SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?

 

 

LÉO VINCEY – O que os novos poetas sabem é que o que se escreve ( hoje ) é reflexo de leituras e experiências de vida que se assimilou no correr da vida. Não que o criador se confunda com a criatura ( poesia ), mas é essa liberdade ficcional que o manuseio das palavras nos permite. Portanto, escreva até o esgotamento. Palavra é vida.

 

 

 

POESIAS

1

Tal qual mosca-varejeira

Vagueando na vaga vaga de um corpo

Vagueabundo abraço o casulo vazio

Vertigem de mim sem fim

Apodreço vivo a cada dia

Fedendo a perfume barato, o meu suor

Os ossos os filhos alimento

Ser larva

Ser prisioneiro

Varejeira carrega no corpo minha bandeira

A casca ainda frágil reflete uma luz

Nasce o homem, devorador de tudo

A si mesmo não perdoa

As asas retalhadas não abro

No atacado de mim

Varejo

 

2

 

Um avesso de mim cava um poço

No infinito do meu eu uma janela

Entro pela janela e cavo mais fundo

Vejo uma luz ainda distante

 

3

 

Há marcas de pegadas no caminho

Não são minhas

Não são minhas

Topo em um osso

Com ele a escavação vai mais longe

A luz está mais próxima

Percebo sombras

No fundo poço do poço de mim

Buraco negro

Sei que não vou me achar

O outro avesso de mim estende a mão

E deita meu corpo num corpo que não conheço

 

4

 

seja bem vinda ao inferno amor

juntos sofremos os gozos

o que é o amor

senão ( se não ) isso

como esse inferno aos goles

damos gargalhadas às torturas oferecidas

à todo pacote senso comum do amor

amamos os sarcasmos de nós

se somos sensíveis às coisas mais banais

em cada um uma intensidade

nosso purgatório

que não reste de nós nem as cinzas

de vez em quando, a miragem do paraíso

assim somos

assim vivemos

cúmplices de uma balada maldita

queremos um amor que não gruda

um amor que liberte os diversos de nós

e que a cada encontro um novo inferno

chega de querer a paz

que venha a catástrofe de nossas sementes

é guerra a todo instante em nossos corpos

e calmaria a cada erupção

 

5  

 

Entre o aqui e o além, o porém

o velho transformado em novo no tempo atravessa

sob o aquém do que há de vir, o apesar

tudo dito, feito, engolido à seco

nada de novo no ser e no ter, só o além do mais

assim no porém, no apesar e no além do mais

só o viver no plenamente do agora.

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