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IRINEU VOLPATO – Santa Bárbara do Oeste, SP – Em 4 de JULHO de 2010.
Irineu Volpato, nascido em 1933, Piracicaba, SP.
Poeta, ensaísta, tradutor. Petroleiro e diplomado em Administração.
SELMO VASCONCELLOS - Quais as suas outras atividades, além de escrever?
IRINEU VOLPATO – Cuidar desses meus palmos de terra, neste mato, onde permaneço, nestas bandas de Santa Bárbara d’Oeste – SP. Uma vez por mês apresentar no SESC de Piracicaba um poeta brasileiro. Manter correspondência com os que ainda por isso se interessam, nesse mundão.
SELMO VASCONCELLOS - Como surgiu seu interesse literário?
IRINEU VOLPATO – Acho que em meus tempos de seminário, ali pelos 15 / 16 anos, onde se era estimulado para muita leitura.
SELMO VASCONCELLOS - Quantos e quais os seus livros publicados dentro e fora do País?
IRINEU VOLPATO – Acho que tenho mais de 46 títulos em poesia. 2 títulos em prosa, um livro de poemas para infância. 5 traduções do francês, de livros do poeta Jacques Canut. 5 traduções livros de poetas de língua espanhola, do Uruguai, Argentina, Paraguai e México.
SELMO VASCONCELLOS - Qual (is) o(s) impacto(s) que propicia(m) atmosfera(s) capaz(es) de produzir poesia?
IRINEU VOLPATO – tenho comigo que todo poeta é como uma antena, cada um com sua potência de recepção e que fica captando a fluição derredor. E cada um decodifica aquilo que recebe e, transformando em poema.
SELMO VASCONCELLOS - Quais os escritores que você admira?
IRINEU VOLPATO – Não é difícil de perceber quais, tanto em prosa como em verso, nacionais ou importados, que me ocorrem são : Machado, Euclides, Guimarães Rosa, Bernardim Ribeiro, Camilo, Homero, Virgílio, Ovídio, Dante, Manoel Bandeira, Manoel de Barros, Carlos D Andrade, Antero Quental, Fernando Pessoa. Mas na realidade, que leitura não interfere ( se não, deveria ) em nossa criação literária ?
SELMO VASCONCELLOS - Qual mensagem de incentivo você daria para os novos poetas?
IRINEU VOLPATO – Leiam, leiam, leiam, anotem, comentem. Antenem-se à vida. E aquilo que os tocou, reescreva tantas vezes até que tomem o sabor em feitio de poema.
3 POEMAS do “se um dia essas águas velhecerem” ,RENARD Edições, 31 páginas, 2010.
Página 5
é o tempo que não para de cair...
e eu continuo enquanto
vida não achar de me trocar
a sorte ia ali de roda d’água acossada
a tocar trens de engenho
em seus dias de moagem
há sempre gente nascendo crescendo
correndo velhando
até quando ...
ai dos que nesta vida
não conseguem re-inventar-se!
era uma delas incomuns
cabelos amoldados de vermelho
há dias em que o só costuma
entrar rasgando a gente
largando lanhos expostos escorrendo...
não consigo conceber
araucária se-humilhada
dessa gente humildemente
que nunca alcança sequer uns triviais
sei-me beirando impossíveis
nestes quintos
***
Página 15
que merda de país é esse que maltrata
de fome 46% de sua gente
e cujo ra/imundo presidente grasna
guardar dos mais altos pibs deste mundo ?
sair andar perder-se de nós mesmos
esmos numa praia e sol em fim de dia
e as alegrias
tempos de enjoadas carambolas
no quintal e seu cheiro
de mel dos mal coados
junho quando as árvores compõem
despojarem-se das roupas
sempre é tempo de acerolas nestas bandas
-é só chuvas conseguirem-se ralear
dessas casas envelhadas
que trazem histórias
encrustadas
não há meio de arribar além
duma quase arvorezinha
essa minha azetoneira
que há 3 anos se empacou vizinha minha
***
Página 30
aí coloniais vilalengas
que rasgaram seus becos
do tamanho e conchego
de sua gente
riozinhos de águas despenteadas
desesperadamente descendo
que nem sabem pra onde
ah a gente pudesse
fazer vidraça
da chuva que vai caindo
sem nunca perdesse a graça
durma chuva insistindo
***
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!