O Alto Madeira e o samurai

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Lembra de uma torre de rádio ou televisão que, bem no alto, lá em cima, na ponta, mantém uma luz vermelha permanentemente acesa? Pois é! Empresa de comunicação e o jornalista são mesmo assim. Torres e antenas de vigilância, captação e interpretação da raça humana. Instrumentos dos sem voz, dos sem direito, dos esquecidos, dos invisíveis. Aparelhos de alerta às sociedades, nações, países e seus governantes. Fontes de aviso aos déspotas, tiranos e ditadores. Meios de disseminação do conhecimento, de defesa de valores e de pacificação social. Ou de guerra. Lanternas de luz que, diariamente, combatem a escuridão da ignorância, da arrogância, da ganância e da hipocrisia.
 
Então! Hoje, dia 1º de outubro de 2017, Rondônia amanheceu na penumbra dos últimos reflexos daquela torre que iluminou e guiou a todos que aportaram nestas terras, do extremo norte de Brasil, há cem anos, cinco meses e uma quinzena. Ontem, dia 30 de setembro a sua luz foi desligada. Ontem, o Jornal Alto Madeira, imprimiu sua última edição que circula hoje, domingo, dando por cumprida sua missão pioneira, missionária e luminar. 
 
Não houve e nem há alegria, regozijo ou prazer no ato. Nem de quem ou quantos tomaram a dolorida decisão, nem de quantos, mundo afora, perderam referência e parte da sua história, da sua cultura, d’alma. Se alguma convulsão de gozo satânico existiu, certamente foi naqueles embusteiros que se saciam ilicitamente no que é público e sentiam-se ameaçados pela luz que emanava do alto daquela torre. Daí a omissão, daqueles que podem estender a mão.  
 
Rondônia, especialmente Porto Velho, perderam muito do seu valor histórico e cultural. Começam o último trimestre desse ano, com sua sala de recepção vazia. Seu o seu mais qualificado anfitrião. Ninguém mostrará mais, orgulhoso, ‘aqui funciona o Jornal Alto Madeira, um dos mais antigos do Brasil’.
 
Uma brutal marcha-ré igualável ao fechamento e abandono da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, do Forte Príncipe da Beira e das cachoeiras de Samuel, Santo Antônio, Teotônio e Girau. Estão apagando a nossa ancestralidade e todo o nosso passado. Uma coisa diabólica!
 
Lembro quando fechei o Jornal O Parceleiro. O dia seguinte à última edição ficou um vazio enorme, um buraco no peito impreenchível. Uma sensação de dor e de morte. Embora tenha planejado tudo, foi impressionante o tamanho da interrogação que se materializava onde quer que olhasse: e agora, o que que vou fazer?
 
É seu Euro! Entendo sim a angústia que toma conta do teu peito. És o alquimista que, na madrugada, sem pregar os olhos, encontra a fórmula de resolução de todos os problemas. Mas que na manhã, se esfumam nos primeiros albores do dia. E, agora, te surpreendes mais ainda: onde estão todos? O Pedro Tavares, cadê? O Lúcio, por que não chegou? E o Ciro, por ande anda? Gente! Alguém dá notícia do Sílvio? E o Paulo Ricardo, a Quétila, por que não vieram? Oh, Helena! só tu não perdes a hora. Então vai cuidando aí! Enquanto isso, vou escrever o ‘Alto Madeira Na Rua”.
 
Ah! Meu caro Caboclinho, que um dia, lá juventude, deixou a mesa de um bilhar para virar farol da humanidade nestas terras indômitas do passado. Tú criaste o colunismo social e implantaste vivência social entre rudes seringueiros, garimpeiros, seringalistas, mascates e aventureiros de todas as nações. E desde então, vens conduzindo tua lanterna e dissipando trevas. E não te cansas, homem! Olha! És o mais longevo jornalista em atividade no Brasil. Já não basta?
 
Não é fantástico esse senhor Euro Tourinho! Viu, como tudo nele é superlativo? Mais aos 95 anos, cheio de energia e sabedoria, ele vai se aposentar? Duvideódó! Ele é como samurai. Tem duas espadas. Perdeu uma! Logo sacará a outra. É só esperar. 

 

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