O que sinaliza Daniel Pereira com a mudança no comando da Segurança?

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O presidente Michel Temer deu um passo decisivo em direção ao tema mais sensível da população e da opinião pública no país, na atualidade: a segurança. Não à toa o deputado Bolsonaro ascendeu às estrelas quando, de modo único, tratou do tema na linguagem popular, algo como "comigo é tiro, porrada e bomba". E cuspiu o aço sobre a mídia ao antecipar o que poderia fazer em sendo eleito presidente. Isso assustou o status quo, mas repercutiu de modo muito positivo junto à população, que é quem sofre diretamente a dor da criminalidade desenfreada. Aqui nas saias da floresta amazônica, a segurança pública também entrou na pauta política num trend topic digno de campanha eleitoral: o quase-governador Daniel Pereira acaba de trocar toda a cúpula da segurança pública, e aponta de modo inequívoco que a bandidagem que corre livre, leve e solta, já pode buscar outra freguesia.

 

DANIEL, O PROFETA  |  Parece que nosso futuro governador segue os passos de seu homônimo, o profeta maior da Babilônia, e autor de alguns dos textos bíblicos mais apaixonantes e reflexivos, tanto pelo perfil político e comportamento, quanto visões e decisões. Daniel, o governador — me permito este protocolo antecipado, porque afirmado — entrou fevereiro emitindo sinais claros de como pretende tocar daqui por diante sua passagem pelo Palácio Rio Madeira, nesta primeira etapa: bem diferente do seu antecessor e atual governador Confúcio Moura. Entrou pela porta da EMATER, alocando uma mulher, adentrou pela SEAGRI, também escolhendo outra mulher, e num ato estratégico, foi à raiz de um dos maiores problemas do nosso estado - e do país - a segurança pública, até aqui olhada pelas laterais por todos os governantes, como se esse gigantesco sistema fosse um leproso, pra dizer o mínimo. 

 

O XADREZ E O XADREZ  |  Não pode escapar a esta abordagem a metonímia da palavra xadrez. De um lado, o jogo estratégico, complexo, de outro o fim da bandidagem, que é a prisão, o xilindró, o xadrez. O governador-profeta Daniel move-se pelo tabuleiro como um exímio enxadrista, já acostumado aos lances de cheque das armadilhas, tirados de letra para fugir do mate da política perigosa e raivosa que corre nos dias atuais. De outro, aponta claramente que o crime em Rondônia pode arrumar as malas ou, no mínimo, abrandar seu ímpeto sem limites. Ao trocar todo o comando da Segurança Pública, Daniel manda o recado claro, com a escolha de nomes pinçados dos quadros mais bem esculpidos pela Polícia Militar do Estado de Rondônia, uma corporação com inegáveis registros de bom trabalho diante de circunstâncias nada favoráveis, dada a dominância das esquerdas nas últimas duas décadas. O líder maior da mudança, o coronel Ronimar Vargas Jobim, vem de uma trajetória forjada nas estratégias e na inteligência, os capitais mais requeridos para a segurança pública na atualidade. No comando da PM, um coronel das fileiras do combate, do enfrentamento, Mauro Ronaldo Flores Correa. Inteligência & Ação formam o dueto da nova música do combate ao crime. 

 

LIVRES, LEVES, SOLTOS  |  Que o crime domina a cena em todo o estado, não é novidade. De batedores de carteira a traficantes, assaltantes de bancos e saltimbancos do crime, estupradores, matadores, estão livres, leves e soltos, como se polícia fosse um poste sem iluminação numa rua qualquer. A população está não só acuada, mas totalmente desprotegida. A bandidagem ataca de dia, de noite, sem pernoite. No ponto de ônibus, na casa aberta, fechada, não importa, invadem, batem, torturam. Impunes. Investigação? O que é isso companheiro? Vade retro! Não faltam profissionais, equipamentos. Faltam comando, gestão e ação. Este escriba digital pode estar errado, claro, mas os nomes escolhidos pelo nosso quase-governador apontam claramente que um grande maestro escolheu, um a um, os músicos da sua orquestra. Há sintonia fina entre eles, suas formações, experiências e o claro apontamento para um processo de mudança forte na segurança pública. 

 

ENTRADA DO BANQUETE  |  Com este desenho, Daniel Pereira demonstra claramente que os nove meses de sua gestação podem ser apenas a entrada de um grande banquete romano para governar nosso estado. Sim, tem todos os ingredientes, recursos, espaços e crédito. Só um ponto de interrogação me acomete: e nossa economia? Vai continuar focada no agronegócio concentrador de renda, ou vai entrar forte na produção de alimentos de mesa, que importamos aos bilhões de reais? Vai continuar penalizando o pequeno em detrimento do grande? Vai continuar no eldorado da propaganda chapa branca aonde ninguém de verdade mora nela? Vamos continuar sendo o estado-corredor ou nos tornaremos, de fato, estado-produtor? Este é o principal capítulo da nova jornada quase profética de Daniel Pereira. Afinal, eu não conheço desenvolvimento social sem desenvolvimento econômico. Alguém sempre vai pagar a conta. Cedo ou tarde. E a conta quem paga não é o governo. É quem trabalha, quem produz.

 

José Armando Bueno é empreendedor e jornalista, editor de A Capital.

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