Apoio a Musk une judeus a neonazistas - por Andrey Cavalcante

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

 
O que devo fazer para me manter alinhado a princípios morais que decidi considerar adequados, aí considerados, obviamente, o necessário respeito à constituição e às leis, como estabelecem os princípios democráticos? Já de início observo não ser esse necessariamente o caminho mais fácil para alcançar o que desejo. É que, muitas vezes, a mentira, a desonestidade e a canalhice facilitam o tráfego, ainda que por caminhos tortuosos. 
 
O texto traduz o pensamento do filósofo Clóvis de Barros, para quem há que se manter a conveniente distância sideral moral e moralismo no universo das paixões humanas. “O que devo fazer? Pergunta ele para adiantar: Uma coisa é a reflexão sobre a própria conduta, sobre a própria dignidade. Outra coisa é a avaliação da conduta alheia. É essa a diferença entre a moral – reflexão que começa e termina na primeira pessoa do singular – e o moralismo, que é a análise do comportamento alheio, o hábito de apontar o dedo na direção do outro”. 
 
Se você pergunta o que tem isso a ver com o personagem bilionário Elon Musk, a resposta é um óbvio “tudo!” Há, no momento, uma multidão de pessoas dando tratos à bola para entender: o que teria levado o sujeito a atacar, com todo o poderio de postagens pessoais agressivas, o Judiciário e o governo brasileiros, em sua rede social, o “X”, antigo Twitter. É óbvio que fez porque pode fazer. Mas não é apenas isso. Sua preocupação imediata é criar polêmica e despertar paixões para atrair leitores e parar de perder dinheiro com o brinquedo que comprou.
 
Simples demais? Nem tanto, se considerado que a rede acabou reduzida a menos de um terço do valor de mercado ou daquilo que Musk pagou ao adquirir seu controle dos antigos proprietários do Twitter. Elon Musk é um visionário bem-sucedido. Do nada, virou um dos homens mais ricos do mundo. Não criou coisa alguma, mas soube aproveitar, como ninguém, as oportunidades de negócios, como o carro elétrico e variantes da revolução tecnológica. Os bilhões de dólares chegaram praticamente por gravidade.
 
Observe-se que seus ataques produziram toda a reação que esperava. Claro que ele sabia dos riscos. Mas nada que não possa corrigir apenas deixando de fazer o que prometeu. Nenhuma atitude efetiva. Na prática, tudo dentro da propalada liberdade de expressão que esgrime quando lhe convém. O resto é lucro. Até mesmo a repercussão, mundo afora, junto a lideranças cujo isolamento os faz aplaudir qualquer ajuda, mesmo que vinda do espaço sideral.  Ou de marte.
 
Exemplo disso foi a manifestação do ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, que se juntou ao empresário para atacar o governo brasileiro. Não importa, no caso, se Elon Musk é amigo de notórios inimigos de Israel, especialmente grupos neonazistas ou o governo chinês, aliado declarado do Irã. Ou comunistas como a Coréia do Norte ou a Rússia, que inclusive usa drones iranianos na guerra contra a Ucrânia.
 
Outro exemplo é o do governo argentino, cujo presidente se oferece para abrigar um eventual “X” portenho contra autoridades brasileiras, ao mesmo tempo em que manda sua chanceler, Diana Mondino, visitar o Brasil. Ela trouxe na bagagem uma carta “de presidente para presidente”, na qual o argentino defende a manutenção de uma boa relação bilateral entre os dois países. Vá entender!
 
O flerte – melhor dizendo comprometimento declarado – da plataforma de Elon Musk com o neonazismo foi comprovada em audiência no Senado brasileiro pelo jornalista americano Michael Shellenberger, responsável pelo “Twitter Files”. O jornalista é aquele que acusou o STF de ter exigido, com ameaças, dados pessoais de investigados. E depois admitiu ter mentido. Ele disse ter achado “incrível” a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de permitir que neonazistas fizessem manifestação em bairro judeu de fugitivos do holocausto. 
 
O que se constata é que o pote de ouro que buscado no arco Iris das redes sociais está na conquista e mobilização de usuários. E o caminho mais fácil para acicatar paixões de espíritos insatisfeitos não passa, infelizmente, como adverte o filósofo, pela dignidade pessoal. Ele trilha a via deletéria do moralismo, da mentira e do engodo.
 
*Andrey Cavalcante é ex-presidente e membro honorário vitalício da OAB Rondônia
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Você é a favor do fim da escala 6x1?
Como você avalia o atendimento da Azul Linhas Aéreas em Rondônia?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS