Rivalidade 'coxinhas vs. mortadelas' chega à conferência na ONU, em NY
Foto: Divulgação
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Ao ouvir "impeachment now!" (impeachment agora), Renan Santos se assustou. "Por pouco pensei: o que eu tô fazendo aqui?"
Tinha entendido "impeachment no!" (impeachment não), um grito de guerra que dificilmente sairia dali. Santos e Kim Kataguiri, líderes do Movimento Brasil Livre, estão num protesto com cerca de 30 pessoas a favor da destituição de Dilma Rousseff, que falaria em poucos minutos, a 500 metros dali, em conferência na ONU.
A rivalidade entre "coxinhas e mortadelas" se repetiu nos arredores do Acordo de Paris, evento que reuniu chefes de Estado do mundo inteiro nesta sexta (22), para discutir a mudança climática.
Outro grupo, desta vez contra a remoção da presidente, vai ao mesmo lugar. Ao marcharem em silêncio na direção dos anti-Dilma, com flores e de branco, ouvem berros de "mortadela!" e "ladrão!" dos vizinhos.
Ficam separados por um cercado, sob vigilância da Polícia de Nova York.
Uma criança com camisa do Brasil mostra o dedo do meio, enquanto um homem recebe a manifestação pró-Dilma aos gritos de "banda podre".
Do outro lado, uma manifestante sopra beijos provocativos para a turma rival.
Com duas crianças e dois buquês de rosas vermelhas em mãos, a dona de casa Danuza Freire, 34, diz que lhe ofereceram um pedaço de mortadela –iguaria associada a quem acredita que Dilma é vítima de um golpe.
"A gente chegou numa boa, trouxe flores para dar a eles, não veio para brigar", afirma.
A publicitária Maria Luiza Rogers, 47, da "República de Curitiba", narra uma versão menos paz e amor. "Estava vindo pra cá, e um deles me chamou de vaca. Sou uma senhora de quase 50 anos!"
Ao perceber que a repórter (apoliticamente) veste um casaco vermelho, Regina Bin (que preferiu não divulgar idade ou ocupação) a cobre com uma bandeira do Brasil. "É petista!", diz sobre a cor atribuída ao partido.
O time anti-Dilma canta o hino do Brasil e pede fotos com Kim e Renan, do MBL. A dupla viajou na tarde de quinta (21) a Nova York, "com dinheiro de doadores", segundo Renan.
Que doadores? "Um monte. Sei lá. O Mário." Que Mário? "Um comerciante de Vinhedo."
Além de protestar contra a presidente do Brasil, eles contam que falarão com a mídia internacional ("Washington Post" e "New York Times") e encontrarão dois deputados da oposição, pagos pela Câmara para acompanhar a visita de Dilma.
Para Renan, a mandatária faz "bravataria pura" ao tentar "impor a narrativa do que está acontecendo de verdade" (de que ela estaria sofrendo um golpe de Estado).
Dilma se vale do "mesmo argumento do [Jair] Bolsonaro", diz, em referência ao discurso do deputado do PSC-RJ ao votar no impeachment, domingo (17), citando o coronel da ditadura Carlos Alberto Brilhante Ustra.
"Ele disse que o Ustra não sabia da tortura. Bom, ela era chefe da Petrobras, claro que sabia [das corrupções internas]. É a mesma coisa."
Segundo Kim, o MBL quer fazer um "contraponto à narrativa" presidencial, de que o governo é alvo de uma "conspiração de elites".
Para ele, Dilma não deveria aproveitar sua posição de "chefe de Estado" e usar "dinheiro público" para tentar garantir sua sobrevivência política.
O discurso da mandatária ainda não tinha acontecido –ela falou por oito minutos e citou o "grave momento" pelo qual o país passa, sem contudo mencionar a palavra "golpe".
Questionado sobre os deputados oposicionistas em missão oficial custeada pela Câmara, diz que desconhece o caso. "Ih, agora você me pegou."
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