Memórias do Rio Mamu - Uma página esquecida da história – Francisco Marquelino Santana

Memórias do Rio Mamu - Uma página esquecida da história – Francisco Marquelino Santana

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Foto: Divulgação

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Apartir de 2006 com a subida de Evo Morales ao poder, o Instituto de Reforma Agrária da Bolívia – INRA passou a incentivar campesinos bolivianos a ocuparem áreas de terras na fronteira com o Brasil no intuito de promover a retirada de famílias brasileiras que viviam nos seringais do Rio Mamu no Departamento de Pando desde o segundo ciclo da borracha. Com a expulsão de extrativistas brasileiros, os seringais ficaram abandonados e os laços de família ficaram presos na memória de muitos ribeirinhos que atualmente apenas guardam na lembrança suas tradicionais convivências com a floresta. Alguns momentos vividos entre a liberdade e a opressão tiveram que ficar para trás e sobrevivem grudados nos torrões da mata virgem pandina boliviana. Os registros não são muitos, mas podem dar a noção de que os Direitos Humanos Internacionais foram seguramente desrespeitados na fronteira Bi – Nacional Brasil/Bolívia.
Um carrinho de mão de madeira deixado pelas crianças do Senhor Manoel Aguiar ficou solitário no Seringal Pedro Porto. Além de servir para suas brincadeiras, o carrinho também servia para o transporte de lenha. Uma espingarda confeccionada pelas crianças traduz o que elas assistiam, ao verem constantemente Zafreros armados assaltando as safras de castanha dos seus pais, ameaçando-os de morte e expulsando a família de seu seringal sem direito a nada. Uma boneca deixada no quarto das crianças a mais de quatro anos ainda resiste ao passar do tempo, e aos poucos vai sendo devorada por animais que entram na casa deixada por Manoel Aguiar, enquanto duas miniaturas de um remo e uma cadeira resistem ao tempo e
enfeitam o terreiro do velho seringal Pedro Porto.
No Seringal Cumaru deixado pelo extrativista Aldair Ozório, as lembranças traduzem o que antes era palco de muito trabalho e fartura. Na horta onde cotidianamente se cultivava coentro, cebolinha e outras Hortaliças, hoje se vê apenas algumas varas amarradas sem nenhuma utilidade. Uma cangalha pendurada foi o que restou como prova do transporte de muita castanha carregada no lombo de burros pelos varadouros. Mais ao lado um galinheiro onde se guardava as galinhas durante a noite como forma de protegê-las dos predadores e que ainda servia durante o dia para que elas fizessem seus ninhos, ao tempo em que um velho forno de torrar farinha. Ainda guarda as velhas lembranças dos tradicionais serviços de culinária dos seringais da Província Federico Román.
Abaixo podemos observar o que ficou na memória do Seringal Barca farol do extrativista França Arruda. Um fogão a lenha esquecido pelo tempo, um lavador de roupas e panelas, um pilão e uma velha casa de farinha destruída pelos campesinos bolivianos, que mais estavam interessados na colheita da castanha de extrativistas brasileiros do que fixarem residência numa região peculiar ao habitat do homem Amazônia.
A esperança de que os nacionais brasileiros fixem definitivamente residência no Território Federal Brasileiro não pode cair no esquecimento. O sentimento de patriotismo dos nossos extrativistas é mais forte do que qualquer poder governamental.
A semana da pátria se aproxima e o sonho dos seringueiros brasileiros do Rio Mamu é de que um dia possam descansar em paz no colo verde da nossa bandeira.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito ao esquecimento

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