Criada sob o pretexto de melhorar o atendimento à saúde dos brasileiros, a Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira, a malsinada CPMF, foi uma extraordinária fonte de recursos para o tesouro nacional. O governo FHC tratou de prorrogá-la sucessivas vezes, ao mesmo tempo em que nada fez para, pelo menos, evitar que, ano após ano, a dinheirama tungada dos contribuintes fosse canalizada para os bolsos de políticos ladravazes e administradores corruptos.
Os escândalos pipocaram pelos quatro cantos do país, atestando o uso indevido dos recursos da CPMF. Nem é preciso alinhavá-los. Enquanto isso, a saúde continua na UTI. Uma simples visita aos ambulatórios e hospitais públicos fala por si só. E de pensar que a CPMF foi saudada pelo então Ministro da Saúde, Adib Jatene, como providência capaz de retirar o sistema do caos no qual estava mergulhado. E ainda está, diga-se.
E assim, a segunda letra da sigla pela qual ficou conhecida a Contribuição, passou de provisória para permanente, até o Senado decidiu sepultá-la, definitivamente, levando um pouco de euforia aos contribuintes nacionais. Agora, integrantes do novo governo, que, na oposição, sempre criticaram a extorsiva carga tributária, falam, sem nenhum pejo, em criar um imposto para arrecadar dinheiro para a saúde, nos mesmos moldes da extinta CPMF, sob as alegações daqueles que o antecederam no poder.
A lista de tributos (impostos, taxas, contribuições, contribuições de melhoria) existente no Brasil chega à casa dos oitenta e cinco. Um absurdo! Se paga imposto para tudo neste país. Por isso, em vez de aumentar ainda mais a carga tributária, o governo deveria criar instrumentos para fiscalizar a correta aplicação dos recursos e punir, com rigor, os saqueadores dos cofres públicos.