Os números da violência, nos últimos dias em Porto Velho, não podem permitir o sono tranqüilo dos que têm sobre seus ombros as responsabilidades de garantir a paz da população portovelhense. É intolerável a ocorrência de fatos como os que têm marcados os finais de semana, em vários bairros da cidade. Qualquer motivo é suficiente para desencadear-se clima de aguda selvageria, quase sempre associada ao uso de drogas e ao exagerado consumo de bebidas alcoólicas.
Há, evidentemente, os que consideram a violência reinante uma conseqüência inevitável do crescimento da cidade. Considerar-se-ão, assim, dispensados de refletir sobre as verdadeiras causas do fenômeno. Outros, porém, não se deixam vencer pelas aparências e procuram compreender quais as razões que levam cada dia número de pessoas a subtrair a vida de seus semelhantes.
Muitos, no entanto, veem resquícios de saudosismo nos que condenam o atual estado de coisas e ousam reclamar por providências que restituam a tranqüilidade da população de Porto Velho. Debrucem-se sobre os números do fluxo migratório que há pelo menos quinze anos faz inchar a periferia da capital. Analisem-se as condições de vida desses contingentes escorraçados de seus ambientes naturais, por falta de apoio governamental. Observem-se os costumes em pleno e crescente processo de deterioração; e, por fim, notem-se a decadência moral e familiar associada à ausência de Deus nos lares e nos corações das pessoas – e, então, se terá diante das vistas um quadro desanimador.
Aceitar as coisas como elas se nos apresentam, sem o menor esboço de reação, é renunciar a própria condição de cidadão. Permitir, portanto, que se vão sucedendo essas coisas, sem o mínimo gesto de repulsa e indignação, constitui tolerância demasiada e cumplicidade, ou, então, convivência inadmissível. Estão, contudo, as autoridades, responsáveis pela segurança e tranqüilidade da população, na obrigação de encararem seriamente o problema, sob pena de serem considerados (não sem alguma razão) patrocinadores da selvageria e da bestialidade que a todos assustam.