Concordo com o deputado estadual Ribamar Araújo (PT), quando afirma que o sistema de transporte coletivo de Porto Velho vai de mal a pior.
Só discordo do tempo usado pelo deputado petista para qualificar o monopólio. Araújo foi extremamente generoso.
Dizer que o transporte coletivo é uma desgraça, deputado, é muito pouco. Câncer seria o substantivo mais apropriado. E em processo de metástase.
No entanto, o que mais revolta, é saber que o cidadão que prometeu extirpar essa enfermidade, que, aos poucos, vem corroendo a paciência da população, comporta-se como se vivêssemos no mundo encantado da fantasia.
Paradoxalmente, o usuário portovelhense paga uma das tarifas mais caras do país, para andar em ônibus imundos, velhos e caindo aos pedaços. Aqui e acolá, é fácil encontrar um calhambeque pifado no meio do caminho.
Se o deputado Araújo (que, como ele mesmo reconhece, nunca pôs os pés dentro de um ônibus coletivo) anda irritado com os péssimos serviços prestados pelas concessionárias, o que dizer, portanto, do cidadão que é obrigado a esperar uma, duas e até três horas numa parada, para pegar uma condução.
A complacência do prefeito Roberto Sobrinho para com as empresa vem suscitando insinuações cabeludas as mais variadas, que só contribuem para desgastar ainda mais a imagem da administração petista. Isso sem falar na incompetência que domina a Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SEMTRAN)
É inaceitável que alguém que se elegeu criticando as injustiças sociais social e o predomínio dos mais fortes contra os mais fracos, não se condoa com o sofrimento de adultos, crianças e idosos, que todos os dias são massacrados, vilipendiados e desrespeitados em seus mais comezinhos direitos.
Não é por demais repetir, contudo, que a concessão para a exploração de transporte coletivo, segundo a Lei Orgânica de Porto Velho, está condicionada a prestação de serviços de qualidade, que assegure o bem-estar dos usuários quanto ao cumprimento de horário, abrangência de linhas, conforto dos veículos, capacidade de lotação, dentre outras exigências.
Em vez de ficar só nos discursos inflamados, o deputado Ribamar Araújo deveria acionar sua assessoria jurídica para interpelar o seu companheiro de partido, prefeito Roberto Sobrinho, a cumprir o que manda a legislação municipal.