Entender as coisas da política é exercício que depende de certa iniciação. Entender das coisas da política rondoniense, nem falar.
Mesmo que sejam rotineiros os exemplos da complexidade quase absurda das relações políticas, em Rondônia sempre há a possibilidade de experientes observadores se surpreenderem.
Alguns revelam surpresa porque a confissão disso lhes aproveita de alguma forma. Ou mantêm estreita ligação com o agente do ato absurdo, ou vislumbram perspectivas de receber algum benefício.
Há, todavia, os que se surpreendem de fato, talvez levados por certa dose de ingenuidade de que o ser humano dificilmente consegue desvencilhar-se de todo.
Quem se acostumou a testemunhar o comportamento agressivo do presidente do Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores, Tácito Pereira, em relação ao governador Ivo Cassol, sua docilidade, conforme deixou transparecer nas entrelinhas da matéria postada no site RONDONOTICIAS desta segunda-feira (10), soa quase sem sentido. Nem parece aquele Tácito carrasco, feroz adversário do dirigente estadual.
Eterno opositor de Cassol, Tácito revela-se, hoje, de uma serenidade ignorada até poucos dias atrás pela população rondoniense.
A aparente troca de posição de Tácito, na verdade, torna mais transparentes os verdadeiros interesses que movem o petismo. Se chegarmos ao fundo da questão, fácil será verificar que o PT de hoje em nada se diferencia do PMDB, especialmente na arte do fisiologismo, do clientelismo e do nepotismo, dentre outras práticas abomináveis.
A política, como dizia Ulisses Guimarães, “é como as nuvens. Você olha e ela está de um jeito. Muda o olhar e, ao voltar, ela já está de outro jeito”.
Hoje, há uma enorme distância, um fosso abissal, entre o discurso e a prática política. É muito fácil dizer, o difícil é fazer. Não é à toa que o PT vem perdendo o que há de melhor em seus quadros. Agora, chegou a vez de a senadora Marina Silva abandonar o barco.
Tudo indica que a senadora acriana aceitará o convite do Partido Verde para brigar pela sucessão de Lula, em 2010. O anuncio será feito nos próximos dias. A cúpula petista está em polvorosa, com medo que ela acabe atrapalhando a vida da ministra Dilma, a escolhida do presidente para o cargo.
Considerando-se que a política é a arte do possível, Tácito apenas está cumprindo o seu papel. Por isso, não estranhe, o eleitor, se, em 2010, o petismo dividir o mesmo palanque com o governador. É a metamorfose petista. Tudo em nome do poder. E que se danem a ética, a moral e os bons costumes.