São freqüentes, através da leitura dos jornais, as notícias sobre o inchaço da máquina pública. No caso da prefeitura de Porto Velho, por exemplo, a situação chega a ser deplorável, sobretudo quando se sabe que o município atravessa sérios problemas financeiros, resultantes, dentre outros fatores, da gastança desenfreada com servidores comissionados.
No apagar das luzes do ano passado, o prefeito Roberto Sobrinho, do PT, reestruturou várias secretarias, criando uma penca de, aproximadamente, oitenta cargos comissionados e funções de confiança, segundo informação da direção do SINDEPROF, que é o sindicato dos funcionários municipais. Insensível ao que ocorre ao seu redor, o prefeito parece que ainda não se deu conta das graves seqüelas que poderão advir desse comportamento egoístico para com os recursos público.
Há pouco, o jornal RONDONIAOVIVO divulgou que o prefeito Sobrinho mantém mil e duzentos comissionados encastelados em seu gabinete. É por isso que não há dinheiro para o prefeito pagar salários decentes aos servidores efetivos e melhorar as condições de trabalho dos que prestam serviços à máquina municipal. Não sabe o prefeito, que o total rompimento entre a receita e a despesa da administração, poderá desembocar no vertedouro do desespero, tornando o município impossível de ser dirigido.
Agora, vem o deputado federal Eduardo Valverde, companheiro de partido de Sobrinho, propor a mudança do regime estatutário para celetista. Não é preciso ser especialista em coisa nenhuma, nem participar das reuniões promovidas pelo petismo, para saber qual é a verdadeira intenção do parlamentar rondoniense: escancarar de vez as porteiras do serviço público, para facilitar a entrada de apaniguados e cabos eleitorais despreparados.
Os mil e duzentos comissionados de Sobrinho trouxeram à memória a história burlesca de certa Câmara Municipal, cujo número de assessores parlamentares despertou à atenção do Tribunal de Contas do Estado. Feito os cálculos, o TCE chegou à conclusão de que era impossível acomodar tantos auxiliares em gabinetes minúsculos. A saída encontrada pela direção da Casa foi reduzir a quantidade de assessores e, paradoxalmente, aumentar (eu disse, aumentar!) a verba de representação dos nobres vereadores.
Matéria do jornal Folha de São Paulo, assinada pelo jornalista Fernando Barros de Mello, e republicada pelo jornal eletrônico TUDO RONDÔNIA, revela que, em cinco anos, estados, municípios e o governo federal aumentaram em 32% o número de cargos comissionados e funções de confiança, pulando de 470 mil, no início de 2004, para 621 mil pessoas, até hoje.
Mal começou seu segundo mandato, e a impressão que se tem é a de que a administração Sobrinho está começando a viver aquele tétrico estágio de final de governo, uma situação ridícula que o povo convencionou chamar de “final de festa”.