Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – CRISE NO PSDB Como o leitor deverá ir percebendo à medida em que avançar na leitura destas tortuosas, outras circunstâncias deverão estar contribuindo para a formatação do quadro tal como se encontra neste momento. Mas não é necessário ser especialista para concluir que o componente principal para construção do cenário terá sido aquela decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) segundo a qual, em vez de ser dos políticos, os mandatos proporcionais pertencem aos partidos ou à coligação que os elegeu. A questão de que se fala, leitor, diz respeito à crise em que está mergulhado o PSDB em Rondônia, ou melhor, o que resta da social-democracia no Estado. Apenas para situar quem está chegando, saiba-se que vão longe os dias em que a legenda dos tucanos despontava como uma das maiores forças políticas do pedaço. Salvo engano, seus tempos de maior glória ficaram situados em torno de 1995, ano em que ocupava três cadeiras na legislatura que se iniciava na Câmara dos Deputados - com os mandatos de Marinha Raupp, Ildemar Kusler e Emerson Pires -, outros três assentos na Assembléia Legislativa – com os mandatos de Mauro Nazif, Altair Schons e Maurão de Carvalho -, além de estar instalado no gabinete principal do Palácio Tancredo Neves na pessoa do ex-deputado federal José Guedes (um dos fundadores da sigla). Para se ter uma idéia do quanto estes tempos estão distantes, acrescente-se que, na eleição do ano passado, o partido conseguiu eleger apenas um deputado estadual – Mauro Rodrigues da Silva, o “Maurinho” -, mesmo assim numa coligação que, por ter incluído o PRP, está sendo objeto de contestação por suposta trombada com a verticalização. Na disputa para deputado federal, então, seu desempenho foi nada menos que humilhante: a soma dos votos dos três candidatos mais votados para a Câmara – Pascoal Novaes (6.200 votos), Odaísa Fernandes (4.250 votos) e Astrobaldo Casara (2.842 votos) – não chegou a alcançar sequer a votação do suplente em 1998, Leonel Bertolin (13 mil e 32 votos). 3 – DISPUTA INTERNA Mesmo em pandarecos – pelo menos na comparação com o que chegou a ser por aqui – o PSDB rondoniense que despontou das eleições passadas está sendo pulverizado ainda mais por conta da disputa interna entre a atual direção regional (liderada pelo ex-deputado federal Hamilton Casara) e sua atual representação popular mais importante no Estado (encarnada pelo deputado Maurinho Rodrigues). Eis que, amparado na força da titularidade do mandato mais influente que a agremiação conseguiu extrair das urnas, o deputado Maurinho Rodrigues partiu para a tradicional empreitada que todos os detentores de poder equivalente têm consagrado ao longo dos anos, no caso brasileiro, em todos os Estados. Qual seja, a de ocupar o comando supremo da legenda na região. Até o TSE emitir aquele juízo segundo o qual o mandato é do partido e não do parlamentar, esta vinha sendo a regra do jogo. Com plena e imediata aquiescência dos mais elevados escalões nacionais das legendas, os políticos detentores dos mandatos mais importantes em seus Estados sempre ambicionaram o comando regional da legenda. E sempre levaram, aqui e alhures, constata quem se der ao trabalho de investigar. Chegou-se ao ponto em que, quando uma legenda significativa ficava sem mandato de âmbito regional (governador, senador e deputado) ou de boa visibilidade (prefeito de capital), ficava, por assim dizer, vulnerável à canibalização. Por razões estratégicas, políticos com um desses mandatos de outra legenda mudavam-se para outra sem bons mandatos apenas para ocupar o comando destas agremiações. Nas justificativas mais comuns, quando se lhes negou a legenda para pilotar uma ansiada candidatura. A coluna seria insuficiente apenas para enumerar os casos do pedaço. O fato é que, desde que se instalou num dos gabinetes da Assembléia Legislativa, Maurinho Rodrigues cuidou de ser articular com o objetivo de ocupar a direção regional do PSDB rondoniense. E já teria chegado lá não fora a decisão do TSE e circunstâncias outras. 3 – PRESO À LEGENDA O poder de pressão de um político nas condições de Maurinho Rodrigues junto à burocracia partidária objetivando ocupar o comando consistia na ameaça de mudar de partido, no caso peculiar do PSDB local, deixando a agremiação no mato sem cachorro em termos da representação. Em geral, a ameaça raramente precisou ser formalizada. Todas as vezes que um político com mandato postulou a direção regional de um partido junto à direção nacional em desfavor de um dirigente sem mandato, os mandatários maiores dessa agremiação sempre cuidaram de atendê-lo temendo sua evasão. Agora a coisa mudou de figura. Embora os deputados que trocaram de partido nesta legislatura antes que o TSE se posicionasse sobre a fidelidade partidária dificilmente possam perder os seus mandatos, o mesmo não se pode dizer dos que abandonarem agora as suas legendas. Uma das especulações mais sensatas alude à hipótese de que o STF considere a decisão do TSE válida só a partir da sua publicação. Dessa forma, estariam a salvo de sanções decorrente do novo entendimento as trocas de partido realizadas antes disso. Ficariam, então, proibidas - sob pena de perda de mandato - apenas mudanças que se consumassem daí em diante. De acordo com os especuladores, apurou-se que há condições reais para que essa tese prospere no STF. Com toda certeza levando isso em conta é que Hamilton Casara propôs e a direção nacional do PSDB sancionou a expulsão de três tucanos de alta plumagem da Executiva regional, entre eles o deputado Maurinho Rodrigues. Bem verdade que Casara construiu bons relacionamentos junto à burocracia nacional tucana, não bastasse o fato de ser, como ele, natural de Guajará Mirim um dos mais influentes dirigentes da sigla nessa esfera – o deputado federal José Aníbal (SP). No resumo da ópera, até que o Judiciário se pronuncie sobre a decisão do TSE, Maurinho Rodrigues fica algo sem poder tugir nem mugir, tendo que permanecer sob o comando de Casara sob pena de engatilhar mais uma ameaça ao mandato.
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