Talvez nenhum outro setor da administração Roberto Sobrinho revele profunda deterioração nos serviços que presta quanto o da saúde.
A situação é tão grave, que o Ministério Público Estadual resolveu intervir. Os registros de dengue e malária deixaram os promotores preocupados, embora o secretário Sid Orleans insista em dizer que tudo está às mil maravilhas. E haja fila às portas dos postos e das policlínicas municipais.
Vive-se, hoje, a antevéspera do caos. O processo de municipalização da saúde, que deveria reorganizar os serviços e colocá-los à disposição da população, está eivado de distorções.
Indignado com as promessas não cumpridas do secretário Orleans, durante sabatina realizada no plenário da Câmara, há cerca de quarenta dias, o vereador Mário Jorge ocupou a tribuna da Casa terça-feira e deitou o látego no lombo do enfermeiro.
O relho acabou atingindo também a secretária municipal de educação, Epifânia Barbosa, a quem Mário acusou de não mover um palito de fósforo queimado para ajudar a resolver o problema criado com o fim da permuta de professores entre o Estado e o Município.
Enquanto o pode público transfere a empresas privadas fatia considerável de seus recursos, por meio de terceirizações, deixa de cumprir o papel que lhe é reservado pela Constituição Federal.
No caso da saúde, a promessa de fortalecimento da rede de atendimento primário, escafedeu-se, enquanto proliferam estabelecimentos dedicados ao atendimento terciário, mais sofisticado e dispendioso.
Não é de hoje que se vem apontando para o caos que domina o sistema da saúde municipal, mas o prefeito Sobrinho insiste em fazer ouvir de mercador aos reclamos da população.
A situação é deprimente: faltam medicamentos, a maioria das unidades está em péssimo estado de conservação e não há médicos suficientes para atender a demanda.
Mais grave, ainda, é verificar que calamitosa também é a apatia dispensada por certas autoridades à sociedade. Enquanto predominar a visão parcial e prevalecer o interesse de grupos sobre os da população, coisas como essas vão continuar acontecendo.
Por causa disso, vai-se consolidando, no seio da opinião pública, a melancólica expectativa de que a humilhação por que passa o povo, exacerbada toda vez em que uma vida é sacrificada, não consegue determinar mais que o tiroteio verbal entre puxa-sacos e autoridades. Ou seja, mais palavras e nenhuma atitude concreta capaz de mudar esse quadro vergonhoso.