*A operação policial montada na reserva indígena Raposa Serra do Sol está provocando uma conseqüência inusitada: o aumento no descaminho de combustível da Venezuela para Roraima. É que todo o setor operacional da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal no Estado foi deslocado para a operação na reserva e não existe mais fiscalização na BR-174, que dá acesso ao País vizinho. Com isso os “pampeiros” (transportadores ilegais de combustíveis) estão fazendo a festa.
*A Folha esteve na rodovia na tarde de terça-feira e somente durante duas horas mais de 50 veículos Pampa carregados de combustível passaram pelo local. Alguns dos carros vinham em verdadeiros comboios para evitar serem pegos de surpresa pela polícia.
*Em um dos comboios, que estava parado à margem da estrada, os motoristas afirmaram que apesar do perigo o lucro com o contrabando compensa financeiramente. “Nós fazemos de duas a três viagens por dia e, em média, lucramos de R$ 1.000 a R$ 1.500 diários. Se formos pegos pela polícia estamos ‘ferrados’, mas, se não, dá para ajudar a família em casa. Estou vendendo minha gasolina a R$ 2,40 e vendo tudo quando chego em Boa Vista. Ninguém quer pagar R$ 3,00 pelo litro do combustível”, disse o contrabandista que não quis ser identificado.
*Eles também estão percebendo a falta de policiamento nos últimos dias. “Não estamos encontrando barreiras, por isso estamos aumentando o número de viagens pelo menos nesses dias enquanto a fiscalização não volta”, frisou.
*O inspetor Conrado, da Polícia Rodoviária Federal, confirmou que não está havendo fiscalização. “Realmente a fiscalização está prejudicada porque o efetivo está todo comprometido na operação Raposa Serra do Sol”, confirmou.