A VIZINHA PERFEITA: Documentário chocante tem conflito de vizinhos e tragédia anunciada - Por Marcos Souza

A VIZINHA PERFEITA: Documentário chocante tem conflito de vizinhos e tragédia anunciada - Por Marcos Souza

Foto: Reprodução

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O mais recente longa documentário que acabou de estrear no catálogo da Netflix, “A Vizinha Perfeita” (The Perfect Neighbor), da diretora Geeta Gandbhir, é um dos mais contundentes e realista já produzidos sobre racismo e joga o espectador para dentro dos fatos que são mostrados e as consequências, por dois ótimos motivos.
 
O primeiro: o formato do longa; ele é praticamente 95% feitos com imagens de câmeras corporais ou de câmeras de segurança na delegacia. Em resumo, a diretora conseguiu ter acesso a todas as imagens das câmeras dos policiais que atenderam as ocorrências em um conjunto habitacional na periferia da cidade de Ocala, Flórida
 
O segundo: o roteiro segue os fatos de forma cronológica, sem intercalação de entrevistas com os envolvidos, somente o que foi mostrado na mídia ou quando os personagens envolvidos falam diretamente com os policiais que vão atender todqs as ocorrências no local - praticamente um conflito de vizinhos que vai virando progressivamente um barril de pólvora envolvendo intolerância e racismo. 
 
 
A cineasta teve acesso às gravações e relatórios policiais através da Lei de Liberdade de Informação (FOIA), que foi apresentada pelos advogados da família vítima da tragédia. Em posse de horas de imagens, Geeta conseguiu construir e montar o seu filme. Esse conflito durou dois anos, entre os anos de 2021 e 2023, mas vamos acompanhar o que ocorreu alguns dias antes da data de 02 de junho de 2023 - o fatídico dia.
 
Premiado no Festival de Sundance este ano como melhor direção de documentário, “A Vizinha Perfeita” tem um título irônico retirado de uma frase dita pela principal protagonista, Susan Lorincz, uma mulher de meia idade, branca, loura e que alugou uma casa ao lado de um terreno aberto, onde ela acredita pertencer a ela e não tolera que as crianças das casas vizinhas brinquem ou façam qualquer atividade nessa área. 
 
Localizada numa área do subúrbio as casas são muito próximas uma das outras e não tem cercas, é como um condomínio aberto, com moradores de maioria negra de classe média e muitas crianças. 
 
O documentário após uma abertura prévia do clímax do conflito,  mostra dois policiais indo atender uma ocorrência solicitada por Susan, por suposta perturbação e agressão, onde ela acusa uma vizinha de ter jogado uma pequena placa de plástico de “Proibido entrar” que acertou sua perna, quando ela foi solicitar para as crianças não brincarem na área que ela acredita ser sua. 
 
 
A partir dessa ação, tem início uma série de chamadas de perturbação solicitadas por Susan, em todos esses casos, um ou outro motivo banal, envolvendo as crianças e a sua sisma vão aos poucos ganhando uma proporção maior. O interessante é perceber pela visão dos policiais a maneira como eles vão tratando esses conflitos, o que para eles evidencia apenas uma briga de vizinhos e que basta aconselhamentos para evitar algo mais sério.
 
Porém quando Susan parece assumir uma postura racista, por vezes xingando as crianças e seus pais de “niggers” - termo pejorativo e racista ao se referir a pessoas negras - ela sempre tem uma maneira de argumentar com os policiais, colocando-se como vítima. Essa vitimização faz com que, através de suas atitudes, ela vá adotando um comportamento narcisista de posse e controle — ou de total falta de controle —, agindo de forma desproporcional ao acionar constantemente a polícia.
 
A narrativa subjetiva, construída a partir do nosso ponto de vista com base em imagens reais e em tempo real, reforça a sensação de que algo vai dar muito errado — e já sabemos disso desde a abertura do documentário, quando vemos várias viaturas e ambulâncias se dirigindo ao local. Depois, há um corte, e somos apresentados à estrutura de como os fatos ocorreram até culminar em uma tragédia. Essa construção visual faz toda a diferença, criando expectativa e até um certo suspense.
 
 
O modo como a diretora constrói e costura os fatos, mostrando desde a chamada ao 911 (o 190 dos EUA) com a Susan acionando a polícia para um conflito com as crianças, e depois uma chamada de vizinhos dela solicitando à polícia socorro imediato, coloca o espectador como testemunha inserida dentro daquela comunidade.
 
O documentário após o desenrolar do que ocorreu e as consequências posteriores ao conflito, tem a intenção de denunciar os limites da lei de autodefesa na Flórida - a lei “Stand Your Ground” - e questiona o papel das instituições, polícia principalmente, diante de tragédias que poderiam ser evitáveis.
 
A legislação específica do que ocorreu entre vizinhos usa o argumento de que é permitido o uso de força letal quando alguém acredita estar em perigo iminente, porém nesse caso específico uma pessoa utilizou essa norma como escudo legal para justificar sua atitude.  
 
Ao mostrar as consequências do triste ocorrido - estou evitando contar para que você tenha a mesma surpresa que eu no desdobramento do caso - vamos descobrir que a diretora fez um filme que mostra atitudes movidas por preconceito e se não ocorrer uma pressão popular ou um posicionamento rigoroso da polícia, a lei “Stand Your Ground” do jeito que é aplicada acaba reforçando desigualdades raciais e amplia, de forma absoluta, a cultura armamentista nos Estados Unidos.
 
Grande documentário e um dos melhores do ano. 
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